Conforme divulgado na página do Movimento Sem Terra (MST), as atividades, que se iniciaram na última sexta-feira (10), serão encerradas com um Ato Político e Cultural em Defesa da Reforma Agrária.
De acordo com o advogado José Afonso Batista, da Comissão Pastoral da Terra, estavam confirmadas até esta quarta-feira (15) as presenças do ministro do Desenvolvimento Agrário (MDA), Patrus Ananias, da presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), Maria Lucia Falcon e do dirigente nacional do MST, João Pedro Stédile, além de representantes políticos.
Na manhã de hoje (16) integrantes do MST, da Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura do Estado do Pará (Fetagri-PA) e Federação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar se reúnem para decidir como se dará a locomoção dos membros dos movimentos sociais até o local e tentar prever quantas pessoas deverão comparecer ao evento de amanhã.
Desde o início das homenagens, todos os dias, entre às 17 e 18 horas, está ocorrendo o ato de fechamento da Rodovia BR-155, como acontece anualmente, para recordar o genocídio contra os camponeses e “a cotidiana violência que segue contra os trabalhadores rurais pela disputa de terras na região”, diz o MST. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) tem acompanhado a mobilização, que até ontem seguia tranquila.
Desde o início da semana 400 pessoas estão concentradas no local, conforme o advogado José Afonso Batista, para o 10º Acampamento da Juventude Camponesa. Nessa ação, os jovens têm se reunido para discutir questões de gênero, artes, agitação e propaganda. Também na Curva do “S” ocorre, desde terça-feira (14), a exibição de filmes pelo Festival Internacional Amazônida de Cinema de Fronteira, entre os quais o documentário “Matando por Terras”, que será exibido logo mais à noite.
Amanhã, em comemoração aos 25 anos do MST no Pará, o escritor André Carlos Rocha lança o livro “O MST e a Luta pela Terra no Pará”, pela Editoria Iguana. O livro relata os principais momentos de constituição do movimento no estado paraense. Os movimentos sociais realizam, ainda durante a semana camponesa, atividades em vários outros municípios do país.
História
O Massacre de Eldorado dos Carajás foi decorrente de uma ação da Polícia Militar do Estado do Pará. Na época, 1.500 sem-terra que estavam acampados na região faziam uma marcha em protesto contra a demora da desapropriação de determinadas terras, mas a Polícia Militar recebeu ordens de retirar os trabalhadores rurais da estrada, na época estadual, e o fez com munições letais, durante o governo de Almir Gabriel.
Quem comandou a ação, autorizada pela Secretaria de Segurança Pública, foi o coronel Mário Colares Pantoja, que na época comandava o 4º Batalhão de Polícia Militar, em Marabá, e acabou afastado do cargo. Uma semana após o massacre foi criado o Ministério da Reforma Agrária. Os 155 policiais militares que participaram da operação foram indiciados sob acusação de homicídio pelo Inquérito Policial Militar (IPM), mas ninguém foi punido. Em maio de 2012, o coronel Mário Colares Pantoja e o major José Maria Pereira de Oliveira foram presos e condenados a 228 anos e 158 anos de reclusão. Os dois cumprem pena no Centro de Recuperação Especial Anastácio das Neves, no município de Santa Izabel.
Síntese
Em maio de 2012, o coronel Mário Colares Pantoja e o major José Maria Pereira de Oliveira foram presos e condenados a 228 anos e 158 anos de reclusão. Os dois cumprem pena no Centro de Recuperação Especial Anastácio das Neves, no município de Santa Izabel.
Reportagem: Luciana Marschall – CT Online
Foto: Arquivo