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Médico acusado de espancar esposa deve ter alvará de soltura nesta quarta-feira

Delegada Ana Carolina - Titular da Deam

O médico Vinícius Rodrigues Melo Ávila, diretor-técnico do Hospital Geral de Parauapebas (HGP), preso nesta segunda-feira (29), acusado de ter espancado violentamente a esposa, deve ganhar liberdade nesta quarta-feira (31). O advogado do médico entrou na Justiça nesta terça-feira (30), solicitando a liberdade de seu cliente.

Na decisão da magistrada Adriana Karla Diniz Gomes da Costa, ela arbitrou vinte salários mínimos de fiança, nos termos do art. 325, inciso II do CPP, e várias medidas protetivas, entre estas a suspensão de porte de arma do médico; afastamento imediato do lar de onde residia com a ofendida; manter distância mínima de duzentos metros da vítima; proibição de se aproximar do local de trabalho da mesma; e não manter nenhum tipo de contato com a vítima e nem com seus familiares.

A previsão é que o boleto seja pago na manhã desta quarta-feira na rede bancária da cidade e a juíza emita o alvará de soltura. Isso significa que o acusado ainda vai dormir esta noite no presídio estadual.

Entenda o caso
Dr. Vinícius Ávila foi preso pela polícia na Rodovia PA-160, quando ele tentava se deslocar para Canaã dos Carajás, e em seguida foi transferido para o presídio do estado.

De acordo com a delegada Ana Carolina, titular da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), no momento em que ela se deparou com a vítima, a mulher estava muito machucada, muito abalada e amedrontada. Disse que começou a ser agredida por volta das 10 horas da noite. “O agressor bateu nela dentro do carro, ameaçou com arma de fogo e passaram horas rodando pela cidade, inclusive pelo City Park, e sofreu muita tortura psicológica”.

Segundo ainda a autoridade policial, uma guarnição da Polícia Militar fez diligência na cidade, acompanhando as câmeras de videomonitoramento e localizou o acusado na Rodovia PA-160. O médico foi preso e autuado pelos crimes de lesão corporal, tortura psicológica e ameaça no ambiente doméstico e familiar.

Em depoimento à Polícia Civil, Vinícius Ávila confessou que possui armas de fogo, admitiu que rodou a cidade com a mulher, na tentativa de que ela revelasse a veracidade de uma história, que era trabalhador e médico e que estava à frente do combate à covid-19, “mas nada do que ele representa para a sociedade justifica os atos violentos cometidos contra a esposa dele”, assinalou a delegada.

Em defesa do marido
Ao tomar conhecimento da prisão do marido agressor, a esposa agredida, em off, numa emissora de rádio, revelou que foi ela que começou as agressões contra o médico, que não sofreu nenhuma agressão dele, pois é uma pessoa idônea na cidade e não é esse tipo de pessoa que pensam.

Numa conversa com uma amiga, via celular, a mulher diz ainda que tudo que está saindo na imprensa, dando conta que ela foi agredida, é sensacionalismo para prejudicar o marido dela. “Tivemos uma briga de casal, numa discussão feia, e, exaltada, fui à delegacia, mas estou super bem. O que foi postado em site e estão comentando em grupo é totalmente mentira. Isso é pra dá ibope. Vinicius jamais faria isso. Convivo com ele há 15 anos, e ele sempre foi uma pessoa maravilhosa. Um ótimo marido. Um ótimo pai. Briga de casal acontece, mas espancamento é mentira. Só estão querendo denegrir a imagem dele”.

Sobre essa mudança de comportamento da vítima, a delegada Ana Carolina considerou como “incomum”. “Após essas fases de agressão, onde elas [vítimas] rompem com o silêncio e pedem ajuda para a polícia, geralmente elas não têm amparo da família, não têm amparo das amigas, não têm amparo da nossa sociedade, que é extremamente machista e patriarcal”.

Para a delegada, a vítima se sente completamente desamparada e, provavelmente, deve estar sofrendo uma pressão psicológica muito grande, “pois até eu estou sofrendo essa pressão. Se fosse um agressor pobre não teria problema ele ser preso, mas como é um agressor rico, um agressor médico, as pessoas tendem a valorizar mais a posição social do que o ato que ele cometeu”.

Conforme ainda a titular da Deam, uma violência doméstica pode causar para a mulher e para os filhos traumas irreversíveis. “Provavelmente, ela sofreu muita pressão externa e agora queira se culpar de ter sofrido a agressão, coitada. Eu sempre falo às vítimas que nunca deixem que o seu companheiro faça você pensar que é a culpada por ser agredida. A conduta parte do agressor e é responsabilidade dele. Como médico, ele pode ser excelente na capacidade e comprometimento, mas, como marido, falhou para a esposa e sociedade. A partir do momento que ele agride a esposa, deixa de ser um problema dele e passa a ser um problema social”, concluiu a delegada.

A reportagem do Portal Pebinha de Açúcar entrou em contato com a Assessoria de Comunicação (Ascom) da prefeitura, para saber o posicionamento do governo municipal, uma vez que o acusado responde pela Diretoria Técnica do HGP, e recebeu a seguinte mensagem: “Tendo em vista que a questão é pessoal, envolvendo o médico, o município não emitirá nota neste primeiro momento”.

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