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Parauapebas perde milhões por não ter vocação universitária

O discurso de que Parauapebas é “ainda um município novo e desenvolvido” tem acomodado o poder público e a sociedade, bem como engessado o seu progresso social para as quase três décadas de emancipação político-administrativa. Prova disso é que, mesmo com uma produção de riquezas considerável, a “Capital do Minério” não conseguiu tornar-se, por exemplo, um polo universitário ou um centro dinâmico de pesquisas. Isso significa que o desenvolvimento econômico municipal, reflexo da ascensão da indústria extrativa mineral escorada na Vale, não se converteu em conquistas importantes e que coloquem o município na vitrine dos lugares universitários desejados – fato que, por si só, já lhe impulsionaria na diversificação da matriz econômica.

Atualmente, existem 12 instituições de ensino superior que ofertam cursos de graduação em Parauapebas, mas apenas duas públicas e só uma com cursos de continuidade regular. São 80 cursos de graduação em atividade, de acordo com o Ministério da Educação (MEC), mas a maioria repetidos, como Administração (que é ofertada por dez instituições diferentes), Ciências Contábeis, Pedagogia, Geografia. Cursos públicos e gratuitos mesmo são apenas 14, e mais da metade dos quais com o futuro incerto – isto é, não se sabe se, depois que as turmas se formarem, haverá novo vestibular para novas turmas.

Enquanto a rica Parauapebas – em processo inicial de decadência socioeconômica – caminha a passos lentos, Araguaína, que tem mais ou menos seu tamanho, possui 141 cursos e é um dos poucos municípios com vocação universitária na Amazônia. Por lá, são 16 cursos com seleção anual, um dos quais a tão cobiçada Medicina, que “rouba” candidatos de Parauapebas e faz correr por lá um capital – dinheiro com aluguel, alimentação, bens de consumo – que poderia girar aqui.

Não muito longe de Parauapebas, Marabá é o principal “sequestrador” de jovens parauapebenses que almejam ensino superior. Por lá, duas instituições públicas federais e uma estadual ofertam 44 cursos de graduação públicos e gratuitos cadastrados no MEC. Com a emancipação da antiga Universidade Federal do Pará (UFPA) no município para dar vida à novíssima Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), cujo campus Parauapebas perdeu, Marabá se tornou o maior polo de Engenharia do interior Amazônico e se consolidou, de vez, como cidade universitária. O próximo passo será transformar-se num centro de Saúde, já que cursos da área, inclusive Medicina, devem desembarcar via Unifesspa até 2017. Hoje, no entanto, Marabá já possui curso de Medicina regular oferecido pela Universidade do Estado do Pará (Uepa).

POTENCIAL DE CONSUMO

Não existe uma estatística precisa, mas os 162 cursos de graduação em atividade em Marabá, ministrados por duas dezenas de instituições, movimentam em torno de R$ 10 milhões por mês em salário de professores e técnicos administrativos, que vão gastar no comércio local; e em estadia, refeição, transporte, lazer e serviços como xerox dos milhares de alunos, boa parte dos quais oriundos de outras cidades e até de estados distantes. Em uma conta simples, ao final de cada ano, as instituições de ensino superior de Marabá vão ter injetado cerca de R$ 120 milhões na economia local, valor que não se verá como numa poupança, mas que fará o município ser cada vez mais independente do sofrimento de possuir uma única fonte de recursos.

Nesse aspecto, Parauapebas está atrasado. Cerca de 2.500 jovens concluem o ensino médio anualmente, mas sem perspectivas de ficar em casa. Vai-se criando, assim, um município de pessoas desapegadas porque têm de buscar lá fora as oportunidades que sua rica terra natal não tem condições de oferecer.

Para além da crise econômica, que assola o município com muitos desempregos e com a perda lenta e gradativa do poder aquisitivo da população, há uma crise de perspectivas para médio e longo prazos. E como não se pode prever o amanhã num lugar de base mineral, que vive à sombra de investimentos da iniciativa privada e que tem visto diariamente o preço de sua principal fonte de renda (o minério) despencar, a incerteza é o cardápio do dia, absolutamente tudo o que se tem para o momento.

Reportagem: André Santos – Colaborador do Portal Pebinha de Açúcar

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