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Pela primeira vez em 5 anos, Parauapebas deixa ‘Top 5’ da exportação

O ano de 2016 promete ser de fortes emoções para a economia de Parauapebas, a “Capital do Minério” brasileira. O último janeiro foi tão ruim para as suas vendas de minério de ferro que o expulsou do seleto grupo dos cinco municípios que mais exportam no país. Agora, Parauapebas passa a ocupar a posição de número 8 entre as 1.431 localidades que negociam commodities no exterior.

Evidentemente, o município continua no topo e sua importância para a Balança Comercial brasileira é incontestável. Mas, por questões de ordem supracomerciais, o município vai se afastando do pódio – do qual, aliás, já havia perdido cinco posições em 2015. Em janeiro, até o município paraense de Barcarena conseguiu desbancar Parauapebas, que ficou atrás também de São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Angra dos Reis (RJ), Paranaguá (PR), São José dos Campos (SP) e Itajaí (SC).

À exceção de São Paulo e São José dos Campos, todos os que destronaram Parauapebas têm forte tradição portuária, com expressiva movimentação de cargas.

Na esteira das exportações fracas, Parauapebas deixou também de ostentar o maior superávit comercial do Brasil, que é quando as exportações superam as importações. Os dados da “Balança Comercial Brasileira por Município” foram divulgados neste sábado (6) pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

ROMBO HISTÓRICO

O grande responsável pela queda de Parauapebas da liderança das exportações é o mesmo que o colocou lá um dia: o minério de ferro.

Quando o preço do produto estava no auge, tudo era maravilhoso. Houve um tempo, fevereiro de 2011, em que a tonelada do minério chegou a ser cotada a 191,70 dólares.

A partir de junho de 2014, o preço começou a despencar para menos de 100 dólares e entrou janeiro deste ano cotado a míseros 39,60 dólares. É um preço muito baixo, mas parcialmente suportável pela mineradora Vale, que realiza a lavra na Serra Norte, em Parauapebas, e que atrela os bons números do município à Balança Comercial.

Por outro lado, é um piso quase insuportável para a vida econômica de Parauapebas, que vive à sombra do minério de ferro, cuja indústria extrativa responde por 76% da produção local de riquezas.

Com a descida do preço do minério no mercado internacional, escorado nos volumes – cada vez menores – consumidos pela China para alimentar a indústria siderúrgica de lá, Parauapebas vem vivendo momentos dramáticos.

A saber, a China, em janeiro deste ano, consumiu 15% menos minério que no mesmo período do ano passado. A Malásia, segunda melhor compradora, diminuiu o apetite pelo ferro em 32%; o Japão abandonou 53% do produto parauapebense; e a Coreia do Sul deixou de comprar 50% do volume adquirido ano passado.

Não fosse a subida do dólar para valorizar as transações para a moeda nacional, a receita municipal com royalties, por exemplo, já teria chegado à lanterna dos afogados.

CAIU 78% EM 2 ANOS

Em se tratando do valor venal das exportações, janeiro de 2016 marca uma tragédia. Foram exportados de Parauapebas “apenas” 193,5 milhões de dólares em minérios (187,6 milhões em ferro e 5,9 milhões em manganês). Pode até parecer muito, mas não é. Em janeiro do ano passado, o município exportou 328,4 milhões de dólares e, no mesmo período de 2014, foram vendidos no exterior 864,3 milhões. Em um ano, o valor bruto das exportações despencou 41%; em dois anos, a queda foi de 78%.

A situação é tão crítica que a venda do mais bem conceituado produto parauapebense, com melhor teor do mundo, está chegando a preço de banana. Para comparar, em janeiro de 2015, que não foi um ano muito bom, foram extraídos do solo da “Capital do Minério” 7,6 milhões de toneladas de ferro. Em janeiro de 2016, foram extraídos muito mais: 9,3 milhões de toneladas, quase dois milhões a mais. Mesmo assim, a depreciação foi avassaladora, o que denota a dificuldade atual do minério de manter preço estável no mercado internacional.

Se as previsões de analistas de commodities e bancos internacionais se concretizarem, de que o preço do minério estabilize na casa dos 30 dólares, Parauapebas terá ao longo de 2016 seu ano mais difícil.

CFEM NA BERLINDA
Entenda por que o royalty aumentou enquanto a exportação despencou

Muita gente pode não entender por que motivo aumentou a Compensação Financeira pela Exploração Mineral (Cfem) recebida em janeiro (R$ 16,5 milhões) e fevereiro (R$ 20 milhões) pela Prefeitura de Parauapebas, já que as exportações vêm apresentando resultados desastrosos. A compreensão não segue a lógica e a ordem cronológica da Balança Comercial, da qual Parauapebas tem tombado. Ainda assim, é simples descobrir.

O repasse dos royalties tem carência de dois meses. Assim, o que a Vale extraiu e vendeu em minérios de Parauapebas em janeiro gerou royalty que será apago apenas em março, após a baixa contábil e repasse ao Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM). Logo, os valores que a prefeitura recebeu em royalty no mês janeiro deste ano são referentes à extração de minério realiza em novembro do ano passado; e o royalty de fevereiro diz respeito à lavra de dezembro.

Nos meses de novembro e dezembro, Parauapebas vendeu bons volumes de minério: foram 11,45 milhões de toneladas em novembro e 13,46 milhões de toneladas em dezembro – neste último mês, um recorde. Naqueles meses, o minério estava cotado entre 40 e 50 dólares, e o dólar seguia firme acima dos 4 reais. Então, a combinação da grande produção mais dólar alto e preço da tonelada do minério beirando os 50 dólares favoreceu receber alguns bons milhões na conta do município. Mesmo assim, nem de longe esses milhões acompanham a receita da Cfem dos tempos áureos do município, que via na conta entre R$ 25 milhões e R$ 30 milhões por mês, em média.

Agora em janeiro, com o dólar oscilando abaixo dos 4 reais, associado a uma produção baixa e um minério frequentemente derrapando para menos de 40 dólares, fica fácil estimar que o royalty referente à produção desse mês e que será pago no dia 5 de março não vai ultrapassar R$ 10 milhões. Levada a uma matemática rigorosa, a cota-parte da Cfem de Parauapebas em março será de R$ 9,5 milhões, respeitadas as variações cambiais.

O município vai ter de se rebolar para mostrar que aprendeu a viver com “pouco”, de agora em diante.

Reportagem: André Santos – Colaborador do Portal Pebinha de Açúcar

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