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Prefeitura de Marabá ficou R$ 200 milhões mais rica; município tem ‘lucro’ de 35 mil pobres

De humilde prefeitura de município polo do Pará até 2011, a mais que centenária Prefeitura de Marabá viu suas finanças saltarem R$ 215 milhões entre 2012 e 2015, o que a fez entrar para o mapa das 100 mais ricas — de um total de 5.569 prefeituras brasileiras (mais Brasília, que não tem prefeitura, por ser capital federal). É como se, nesse período, a Prefeitura de Marabá tivesse sido incrementada com praticamente toda a receita da Prefeitura de Altamira (cerca de R$ 233,7 milhões previstos para 2016), que faturou muitos milhões com a movimentação da Usina Hidrelétrica de Belo Monte.

O motivo do apogeu financeiro em Marabá é que sua arrecadação foi turbinada com a operação do projeto Salobo, da mineradora Vale, já que passaram a entrar mais Cfem, ICMS e ISS no caixa desde 2012, quando o empreendimento começou a produzir.
No Anuário MultiCidades 2017, que acaba de ser divulgado, a Prefeitura de Marabá aparece na 87ª colocação entre as mais ricas do país, batendo prefeituras poderosíssimas e de muito mais resplendor, como as paulistas Rio Claro, São Carlos, Marília e Araraquara, as paranaenses Cascavel e Ponta Grossa e até a prefeitura da capital do Amapá, Macapá, que tem quase duas vezes mais habitantes que Marabá. Os dados do MultiCidades 2017 são relativos a 2015.

Já este ano, que deve constar do Anuário MultiCidades 2018, Marabá se posiciona nacionalmente como 91ª prefeitura mais rica.

RETROCESSO

Desde 2014, a receita de Marabá vem perdendo força e caindo, enquanto as despesas não dão trégua. Este ano, faltando poucos dias para encerrar o ano, dos R$ 781,7 milhões esperados pela prefeitura, caíram R$ 611 milhões no momento. É 78% da meta. Não é pouco, mas também não é o bastante. Ainda assim, Marabá bate em riqueza sua rival maranhense Imperatriz, cuja receita é estimada em R$ 541 milhões para o ano todo, e a prefeitura tocantinense de Araguaína, cuja receita de R$ 313 milhões é metade da força marabaense.

Este ano, até o momento Prefeitura de Marabá recebeu pouco mais de R$ 127 milhões em ICMS e bateu em 112% a meta para essa fonte de recurso. O prefeitura se frustra quando o assunto é ISS, já que recolheu apenas 57% dos R$ 92 milhões previstos, e se regozija quando o tema é Cfem, já que sua cota-parte totaliza R$ 42,5 milhões, quando o esperado era R$ 19,5 milhões — ou seja, a meta foi batida em 218%.
Em todo caso, se o município vai mal em 2016 no quesito finanças, no critério desenvolvimento social o bicho pega. Dos oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio que deveriam ter sido cumpridos em 2015, por meio de 11 metas, Marabá, mesmo com uma prefeitura riquíssima, falhou em praticamente todos. Deu conta de cumprir apenas três das metas.

Em 2017, o prefeito eleito Tião Miranda vai enfrentar uma miríade de 35 mil marabaenses vivendo abaixo da linha de pobreza, sendo que 16 mil passam fome e são considerados indigentes. Há 406 quilômetros de ruas sem asfalto, a maior extensão de chão batido da região, nas quais residem 116 mil pessoas, faltam 25 mil casas para a população e 30 mil moradores são considerados favelados. Marabá é um dos únicos municípios brasileiros, no padrão populacional entre 200 mil e 300 mil habitantes, onde tantas lástimas e desgraças coexistem com uma prefeitura ricaça. Um horror.

Reportagem: André Santos – Colaborador do Portal Pebinha de Açúcar

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