A operação “Filisteu”, realizada pelo Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Estado em Parauapebas, sudeste do Pará, nesta terça-feira, 26, desmontou um esquema multimilionário contra o erário.
Em entrevista, o promotor de Justiça, Helio Rubens Pinho Pereira detalha a operação “Filisteu” e reafirma que “O Ministério Público está trabalhando para que haja respeito ao dinheiro público, para que ele seja efetivamente revertido em benefício da sociedade e não de pessoas mal intencionadas que se arvoram como representantes da sociedade”.
Repórter: O que originou a operação Filisteu?
Helio Rubens: Existia um procedimento na promotoria de Parauapebas para investigar casos de improbidade administrativa na câmara de vereadores e um outro no Núcleo de Combate à Improbidade coordenado pelo procurador de Justiça, Nelson Pereira Medrado, investigando a prefeitura.
Muitas provas foram colhidas durante meses e quando nós tínhamos já uma documentação razoável nós deflagramos a operação que contou com mais de dez promotores, mais de 20 homens e foram 15 a 16 alvos. Todos os alvos foram satisfatórios e nós obtivemos o que a gente procurava e até agora nós apuramos na câmara, desvios por meio de contratos administrativos direcionados que pagavam por uma quantidade bem grande de mercadorias e se entregava o tempo todo, uma quantidade menor e essa diferença voltava pelo menos para mesa da câmara. Para os componentes da mesa da câmara: presidente, vice-presidente, 1° secretário e 2° secretário. Isso é em relação à câmara de vereadores.
Em relação a prefeitura, uma série de contratos direcionados com valores grandes.
Repórter: De quanto foi o rombo até agora?
Helio Rubens: Multimilionário, só uma desapropriação feita pela prefeitura de Parauapebas ultrapassa “cinquenta milhões de reais” (R$50 milhões). Foram várias, várias desapropriações feitas de forma irregular, então o valor é bem grande, vários milhões de reais.
Repórter: Quantas pessoas foram presas, até o momento?
Helio Rubens: São três pessoas, o vereador Odilon (aquele, daquela manifestação em que ele dizia que precisava ser corrupto pra viver com o salário que tinha), o outro é o empresário que era contratado e que era o operador de alguns contratos para que o dinheiro voltasse para câmara e, um outro vereador, que foi preso por porte de arma. Quando fizemos a busca na residência dele, nós encontramos armas, por conta disso ele foi preso em flagrante, esse terceiro vereador.
Repórter: Eles vão ficar presos em Parauapebas ou vão pra Belém?
Helio Rubens: Tem 2 – o vereador José Arenes e o empresário Edmar Cavalcante que estão indo pra Belém. O terceiro vereador Odilon Rocha de Sanção que a gente está providenciando a ida também, todos três deverão ir para Belém.
*informações de última hora dão conta que o vereador Odilon Rocha conseguiu laudo médico impedindo seu deslocamento para Belém.
Repórter: Quais os desdobramentos da operação, promotor?
Helio Rubens: Nós vamos analisar a documentação apreendida e vamos entrar com as ações cabíveis, para responsabilizar criminal e ou administrativamente.
Estrutura da Operação Filisteus:
• 1 procurador de Justiça
• 11 promotores de Justiça
• 35 policiais
• 7 funcionários do Ministério Público
• 15 viaturas
Reportagem: Karina Lopes (graduanda em jornalismo), com informações da PJ de Parauapebas
Fonte: Ministério Público do Estado do Pará
Foto: Francesco Costa / Portal Pebinha de Açúcar