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Se Vale fosse embora hoje, rombo financeiro seria de R$ 675 milhões por ano

Recentemente, a mineradora Vale confirmou – sem querer, querendo – a informação divulgada exaustivamente e em primeira mão por meio do Portal Pebinha de Açúcar, sobre o fim de cada uma das minas existentes na região de Carajás sob a batuta da empresa. E a sociedade não sabe sequer a missa a metade do que pode acontecer.

Há estudos já elaborados, e específicos sobre a realidade de Parauapebas, que versam sobre o impacto ao município e dimensionam como ficará a “Capital do Minério” caso a lavra de minérios se encerre. A própria Vale se mostra preocupada com a dependência de Parauapebas de suas operações.

Em 2011, quando um dos estudos ficou pronto, o impacto seria da ordem de R$ 300 milhões, apenas em receitas diretas, como Cfem, ICMS e ISS, de acordo com texto na página 84 de um relatório crítico elaborado pela consultora Amplo contratada pela multinacional para trabalho específico sobre a socioeconomia parauapebense, por ocasião da ampliação da capacidade de produção das minas de Serra Norte.

Trazendo aos números atuais, hoje o impacto seria, nesse mesmo conjunto, de R$ 675 milhões. Ou seja, se a mineração efetuada pela Vale acabasse em 2016, as receitas locais diretas seriam diminuídas em 65%, sem contar o caos que se instalaria com o desligamento de 12 mil trabalhadores da indústria extrativa local.

CORPOS MINERAIS

É sabido que, quando os dois maiores e principais corpos atualmente explorados pela Vale se exaurirem, ainda vai restar minério. Sim, vai. Mas não em quantidade e teor empolgantes. A empresa fez prospecção geológica em toda a área municipal, desde que aportou por aqui no final da década de 1960, e sabe onde o minério de ferro está e os empecilhos para retirá-lo. Há outros recursos minerais, mas ela prefere concentrar suas operações em ferro por ser mais demandado e em relação ao qual a empresa tem know-how e expertise.

Os corpos de minério de ferro na Serra Norte de Carajás, que fica no município de Parauapebas, vão dos enes (N de Norte) 1 ao 9. Até 2034, serão exauridos os enes 4 e 5.
Vão restar, portanto, os enes 1, 2, 3, 6, 7, 8 e 9. Mas a quantidade de minério de alto teor neles é tão pequena se comparada aos enes 4 e 5 que, no ritmo em que atualmente a Vale lavra, só durará 11 anos. Barreiras ambientais (como a existência de espécies endêmicas de animais e plantas, bem como cavernas e achados rupestres) e logísticas (necessidade, em alguns casos, de ramal ferroviário para transportar o produto) estão no caminho e desanimam.

Aos poucos, e discretamente, as atenções serão voltadas à produção em Canaã dos Carajás. Os 90 milhões de toneladas anunciados como capacidade máxima de lavra em S11D serão ampliados gradativamente.
A saber, com base em informações de relatórios estratégicos que a Vale não se atreve a divulgar para não causar fofoca, apenas o bloco D do corpo S11, todo localizado dentro das terras de Canaã, tem mais minério de alto teor que os corpos de minério já medidos e provados existentes em Parauapebas. E observe-se que Canaã ainda terá os blocos C, B e A, todos com lavra fora de cogitação no momento. Ao tirar 90 milhões de toneladas de minério de ferro por ano, nem mais ou menos que isso, o bloco D terá minério com duração até 2065, caso comece a ser lavrado este ano.

Na metade da metade do caminho a 2065, Parauapebas deverá ficar com uma mão na frente e outra atrás, por não se atentar para a necessidade de sair das asas da mineração. O tempo passa, a arrecadação local cai dia após dia, ainda assim é elevada, considerando-se o porte populacional do município. Mas se hoje, com o que tem, não está dando para solucionar todos os problemas internos, o que será de Parauapebas com a redução de 65% da arrecadação?
A projeção que tem como ano-base 2015 indica que as reservas principais de minério deverão se esgotar em 2034. Contudo, com base na lavra já efetuada este ano, a previsão pode cair para 2033, uma vez que a perspectiva é cada vez mais se aproximar da capacidade total de Serra Norte, de extrair 150 milhões de toneladas por ano.

Se, por exemplo, a Vale operar cinco anos seguidos com produção máxima, a vida útil das reservas poderá cair para 2030. Daí para o fim da bonança é um pulo.

Tudo, em se tratando de Parauapebas, é questão de tempo. E não se deve brincar com ele. Quem viver verá.

Reportagem: André Santos – Colaborador do Portal Pebinha de Açúcar

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Ei, Psiu! Já viu essas?

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