Dados preliminares da Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (Segup) indicam que, em 2016, o Pará obteve avanços importantes no combate à criminalidade. Os registros de roubo em Belém e nos distritos de Icoaraci e Mosqueiro, por exemplo, caíram de 56.568 no ano passado para 53.708 casos neste ano. Esta queda de 5,05% equivale a 2.860 roubos evitados no ano pela ação preventiva e repressiva da Polícia Militar e da Polícia Civil. Em média, são 240 roubos a menos, por mês.
“É um número que ainda está longe do ideal, mas que já tem impacto importante na segurança da população. Sobretudo, porque essa modalidade de crime, o roubo, vem caindo mês a mês na capital”, avalia o secretário de Segurança do Estado, general Jeannot Jansen. “Essa tendência de queda progressiva nos indica que está na direção certa a estratégia adotada pelo sistema de segurança, apoiada na integração e na inteligência e executada por meio de operações de campo e investigação”, sustenta Jeannot.
O secretário adjunto de Gestão Operacional da Secretaria, coronel Hilton Benigno, explica que os crimes que mais contribuem para que o cidadão se sinta inseguro, no cenário de violência que se acentua em todo o Brasil, são o homicídio e o roubo. “O homicídio é a vitrine da violência. Um corpo estendido no chão coloca o cidadão de frente para o crime, onde quer que ocorra, seja quem for a vítima”, raciocina Hilton. “Mas é o roubo que tira as pessoas da condição de espectadoras para colocá-las no papel de protagonistas, inserindo-as no contexto da violência que as contorna”, completa.
Na opinião do coronel Hilton, o homicídio estimula a indignação da sociedade com a banalização da vida e aumenta a sensação de vulnerabilidade das pessoas. “Já o roubo impõe o medo e multiplica a sensação de insegurança”, ressalta ele. “Se o homicídio choca a sociedade, o roubo acua o cidadão”, reflete.
Inteligência – Comandante do Policiamento da Capital, o coronel Luiz Carlos Rayol acredita que a progressiva queda nas ocorrências de roubo também deriva da ação integrada de todos os órgãos de segurança e do silencioso trabalho da inteligência. “As operações policiais não acontecem de forma aleatória. Toda operação se baseia na análise das informações processadas pelo pessoal da inteligência”, esclarece Rayol.
“Essa análise nos permite mapear o crime, identificar o local onde ele mais acontece, qual o horário em que é mais frequente, que bairro é mais vulnerável”, explica. “Com isso, podemos concentrar esforços na direção certa, reduzindo os casos de roubo nas chamadas áreas críticas e pulverizando as ocorrências, o que facilita o combate”, complementa.
Operações – Em 2016, a Polícia Militar realizou 28.305 operações em Belém. Algumas são sistemáticas, outras especiais. Somente em dezembro, foram quase dez diferentes operações em lugares distintos, com estratégias próprias e objetos definidos. A presença da PM, por conta desse trabalho, ganha visibilidade para o cidadão, que se sente mais seguro, e para o próprio ladrão, que pensa duas vezes antes de cometer o crime e correr o risco de ser preso em flagrante.
Nessas operações, em 2016, os homens do Comando de Policiamento da Capital apreenderam 361 armas de fogo e 1.765 armas brancas; recuperaram 1.234 veículos roubados e capturaram 503 foragidos do sistema penal. Além disso, efetuaram 3.073 prisões. São mais de 250 prisões por mês, só em Belém, Icoaraci e Mosqueiro.
Polícia Civil – O diretor de Polícia Metropolitana, delegado Cláudio Galeno, lembra que a queda no número de roubos também leva, por extensão, à diminuição dos casos de latrocínio, que é o roubo seguido de morte. “Ao contrário da maioria dos casos de homicídio ocorridos no Pará, em que as vítimas e os assassinos têm passagem pela Polícia e algum tipo de ligação com o tráfico de drogas, no latrocínio é diferente. As vítimas sempre são trabalhadores, muitas vezes assassinados covardemente durante um assalto, às vezes até sem reagir”, diz Galeno. “Quando conseguimos reduzir o número de roubos, estamos também evitando latrocínios”, acrescenta.
A Polícia Civil contabiliza mais de 12.538 procedimentos até novembro de 2016, incluindo inquéritos, investigações, apreensões. Foram lavrados mais de 5.500 termos circunstanciados de ocorrência (TCO). Somente nas delegacias de Belém, foram 3.115 prisões em flagrante.
O secretário adjunto de Inteligência e Análise Criminal da Segup, delegado Rogério Moraes, acredita que os resultados de Belém demonstram o acerto no investimento que se faz na ostensividade e na investigação. “Existem formas subjetivas de demonstrar a efetiva redução da criminalidade. Mas esta efetividade das operações é a única forma objetiva de aferir isso em números absolutos e relativos, que alimentam a inteligência do sistema de segurança e são encaminhados para os comandos operacionais”, afirma.
Taxistas – Esse relacionamento sadio entre os órgãos de segurança e a conexão entre os setores operacional e de inteligência sempre dão resultados práticos. Um caso concreto é relatado pelo coronel Salim, comandante do policiamento da região metropolitana. “Havia um surto de assaltos a taxistas em Ananindeua este ano. Em apenas dois meses, houve 24 ocorrências”, conta ele. “Fizemos reuniões com os motoristas e estabelecemos um protocolo de segurança. Em todas as barreiras que fazemos sistematicamente na região, uma vez a cada turno, diariamente, o taxista teria não apenas que parar o carro para apresentar a documentação, como também deveria modular a luz interna e sair do veículo para conversar com o agente de segurança”, acrescenta. “Se o motorista não descesse, a gente já sabia que havia problema ali”.
Essa simples mudança de protocolo, acordada com os taxistas, reduziu o número de assaltos a zero no mês seguinte. O exemplo também vale para demonstrar que a participação da sociedade contribui muito para a eficiência da Polícia. Quanto mais o cidadão denunciar, quanto mais procurar a delegacia em caso de assalto, melhores serão as condições de a inteligência atuar, cotejando e analisando os números das ocorrências para gerar estratégias de combate ao crime.
“A integração é a pedra de toque da segurança no Estado do Pará”, resume o coronel Hilton Benigno. “Essa integração, além do trabalho coordenado entre os órgãos que se comunicam permanentemente, deve envolver também a sociedade. Toda ajuda é importante nessa guerra que travamos diariamente contra a violência”, diz.
OPERAÇÕES NA CAPITAL – JANEIRO A 30 DE NOVEMBRO/2016:
361- Armas de fogo apreendidas; 1.765- Armas brancas apreendidas; 190- Simulacros; apreendidos; 1.377- Munições apreendidas; 77.404- Gramas de entorpecentes; 3.077- Prisões efetuadas; 1.234- Veículos recuperados; 250- Mandados de prisão cumpridos; 593- Foragidos recapturados; 28.395- Operações realizadas; 92.692- Missões realizadas; 381.492- Abordagens a transeuntes; 397.903- Abordagens a veículos; 358.089- Atendimentos realizados.
(Com informações da Ascom Segup)