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Simples, vencedor e realizado, Fininho anuncia adeus ao futebol

Era um anoitecer de um domingo qualquer dos anos 90, em Manaus-AM, quando um menino observava, da Avenida Constantino Nery, os refletores do Estádio Vivaldo Lima acesos e o grito da torcida que de lá nascia. A emoção de estar ali, tão perto do palco perfeito, mexia com ele de um jeito que só quem sonhou em jogar futebol profissional sabe descrever. Em um mundo de Maracanãs e Morumbis, de Flamengos e Corinthians, construir a própria história nos campos da região Norte já era motivo de realização, mesmo sem grandes honrarias nem títulos de destaque nacional. De fininho, Joelson Amorim Guedes, o Fininho, entrou no futebol, conseguiu seu espaço e agora vai dando adeus, aos 30 anos, na expectativa de um emprego em outro ramo, em Belém-PA.

Muitos não sabem, mas Fininho nasceu em Macapá-AP. É que ele sempre se disse amazonense por conta das origens familiares, do carinho com a terra e as oportunidades que aqui recebeu. O pontapé inicial no futebol foi dado aos 11 anos, na escolinha do Nacional. Lá, avançou para as categorias infantil e juvenil. Também compôs a base do Clipper, até parar nos juniores do Libermorro, aos 16 anos. Nas aulas de educação física da Escola Municipal Arthur Engracio da Silva, no Conjunto Nova Floresta, Zona Leste de Manaus, aproximou-se do professor Gilberto Simões, então técnico do time principal do Lili. Eis então que Fininho nasceu para o futebol profissional.

O talento do prodígio dono da camisa 10 rendeu interesses até do Flamengo para as categorias de base, mas a então revelação do futebol amazonense decidiu partir para São Paulo, tentar a sorte na Portuguesa de Desportos. A distância, a imaturidade e o choque de culturas pesou e o jovem Fininho voltou para casa, frustrado e desanimado com o futebol profissional. Procurou estabilidade na indústria e em um supermercado do conjunto, onde teve boas referências de disciplina e honestidade com o patrão.

Nesse meio tempo, o futebol nunca saiu da vida do atleta. Deixou de ser o foco, mas ainda era a febre nas disputas do Peladão, que pela tradição, atraia olhares dos dirigentes de clubes profissionais. E foi dessa forma que o Princesa do Solimões reconduziu as atenções de Fininho ao esporte, após testes no clube em 2006. No ano seguinte, o modesto time do interior alcançou o terceiro lugar do Campeonato Amazonense com ajuda do meia. Eram os primeiros chutes rumo ao sonho de criança, àquela altura como um dos destaques do time, e o momento em que Aderbal Lana surgiu na vida do já mais maduro Joelson, convidado a defender o Fast na Série C de 2007.

Companheiro de Delmo, Michell Parintins, Bazinho e companhia, Fininho ajudou o Tricolor de Aço a levar o Fast ao 15º lugar de uma competição que envolveu 64 equipes, caindo somente para times do calibre de ABC e Bahia, na penúltima fase. A ascensão rendeu um contrato de três anos no Nacional em 2008, temporada em que municiou o experiente Garanha e a revelação Tiago Verçosa no ataque, mas não evitou um novo terceiro lugar. O título veio, enfim, em 2010, vestindo a camisa do então emergente Penarol e com direito a gol na decisão.

O troféu estadual abriu portas para Ipatinga e São Caetano na Série B do Campeonato Brasileiro, e o jogador voltou a perceber um horizonte além do Estado do Amazonas. Um período de bom futebol na Tuna Luso selou de vez o mercado paraense para Fininho, que teve oportunidades nos grandes Remo e Paysandu, além de boas atuações em times do interior. E assim, Fininho revezou períodos entre os estados vizinhos, fugindo de calendários desfavoráveis e da falta de atividade. Com mercado, manteve-se empregado.

Em retorno ao Princesa, teve um 2014 intenso e chamou a atenção do técnico Francisco Diá, ex-Nacional, para uma rápida e última experiência em São Paulo, com o Oeste. Sem muito sucesso, retornou ao Tubarão para uma traumática eliminação na Série D. Ele ainda passou por Tapajós e Izabelense no Pará antes de dar início ao que talvez fosse o último ato no futebol amazonense. Em campanha de recorde de vitórias do Nacional, foi um dos destaques do time, ainda que preterido por Aderbal Lana na decisão contra o Princesa. “Achei que fui injustiçado, mas não tenho nada com o professor. Só não concordo muito com algumas coisas”, resume Fininho.

Fininho em passagem pelo Parauapebas Futebol Clube em 2016
Fininho em passagem pelo Parauapebas Futebol Clube em 2016

Ele ainda defendeu o Parauapebas no Paraense de 2016 e, desde então, vive com a esposa em Belém e não atua mais profissionalmente. “É um momento difícil porque tem muita coisa pela frente. Tô com 30 anos apenas, ainda tenho mercado mas, para ficar mais perto da minha família, resolvi parar de jogar profissionalmente. E como me apareceu essa proposta de trabalho, eu vou encarar”, explica o meia, sem dar detalhes sobre a nova profissão ou função que deve exercer.

Fininho vai trocar de profissão, mas o futebol, como sempre, não deverá ficar de lado. Ele deseja trabalhar na formação de novos atletas. Meninos que, como ele, um dia sonharam estar em campo, dentro daquele estádio, naquela atmosfera, com a chance de empolgar aquela torcida. “Graças a Deus consegui jogar várias tardes de domingo no Vivaldão, dando alegria para a torcida, minha família e o meu clube”, sentenciou o sonho realizado.

Reportagem: Bruno Tadeu / Bola pro Mato

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