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TERRA PROMETIDA? Canaã é destaque nacional em geração de empregos num Brasil em crise

Depois do vuco-vuco que estampou Parauapebas (2007-2012) e Altamira (2012-2014) nas primeiras páginas de noticiários nacionais quando a pauta era emprego, agora é a vez de Canaã dos Carajás representar o Pará no assunto. O diferencial é que Canaã emerge num cenário de Brasil em “silascância” total, no que se refere à geração de postos de trabalho formais, amparado pela implantação de dois macroempreendimentos: uma indústria extrativa de minério de ferro, chamada de projeto S11D, e um corredor logístico, chamado Ramal Ferroviário Sudeste do Pará.

Discreto, Canaã vai movimentando, por meio da mineradora Vale (aliás, mais dela do que dele), cerca de 16 bilhões de dólares desde 2013 e tem previsão de arrebanhar 9.000 trabalhadores no pico das obras do S11D – entre o resto de 2015 e o primeiro semestre do ano que vem.

De janeiro a junho deste ano, Canaã foi o nono município brasileiro – entre 5.570 localidades – com o melhor saldo de geração de postos de trabalho. Na outra ponta, Parauapebas e Altamira, ex-líderes de emprego, estão entre os 50 lugares nacionais que mais demitiram. Os serviços operacionais para erguer e ampliar as minas da Serra Norte de Carajás no primeiro e os canteiros de obras para fazer a Hidrelétrica de Belo Monte no segundo deixaram de ser atrativos e envolventes, e cada trabalhador teve de procurar seu rumo.

Hoje, dos 34 mil habitantes do município de Canaã dos Carajás, 15 mil são trabalhadores com carteira assinada – sem contar os servidores públicos (municipais, estaduais e federais). É a maior proporção de trabalhadores na ativa por habitante do Norte e Nordeste brasileiro. Em termos comparativos, se Canaã tivesse a mesma atual população de Parauapebas (estimada em cerca de 190 mil habitantes para 2015), teria 83 mil trabalhadores com carteira assinada. Mas em Parauapebas, nos últimos três anos, a força da crise econômica derrubou a força de trabalho formal de 48 mil para 42,8 mil trabalhadores.

E O FUTURO?

O futuro a Deus pertence, mas é certo que a “Terra Prometida” – de onde hoje emanam pão, leite e mel para alguns trabalhadores; cobre do Sossego para a mineradora Vale, para quem também já está a caminho o minério de ferro do S11D – não se sustentará com todos esses empregos. É natural que a implantação de um megaprojeto, como o S11D, demande força de trabalho igualmente gigante. Mas a operação do empreendimento, prevista para se iniciar a todo vapor em 2017, vai reduzir drasticamente o número de contratações, que, no momento, compõem uma espécie de mão de obra volante e com prazo determinado.

Quando ocorrer o start-up da operação, para a qual a mineradora Vale estima não mais que 2.600 empregos fixos em Canaã, será demandada mão de obra especializada, aquela que realmente “entende do assunto”, em se tratando de extrair minério com elevado teor de hematita.
Serão, em sua maioria, engenheiros de minas, geólogos, engenheiros ambientais, engenheiros de segurança do trabalho, engenheiros mecânicos, analistas de sistemas, técnicos de mineração, técnicos de segurança do trabalho, técnicos em mecânica, todos os quais para garantir a produção média de 90 milhões de toneladas por ano (90 Mtpa), que deverá render à conta-corrente da prefeitura local algo em torno de 120 milhões anuais (ou cerca de R$ 10 milhões mensais) em Compensação Financeira pela Exploração Mineral (Cfem), considerando-se o preço médio da tonelada do minério de ferro, de 60 dólares, no primeiro semestre deste ano. Nos áureos tempos férreos de vacas gordas, com o minério entre 140 e 190 dólares, 90 Mtpa renderiam à Prefeitura de Canaã uma mesada de R$ 30 milhões mensais em royalty.

Para o bem, para o mal ou para o zen, Canaã dos Carajás, a Terra Prometida, nunca mais será a mesma. E tomara que não trilhe o caminho de Parauapebas, sua genitora, no tocante aos assuntos nos noticiários nacionais. Pelo menos não nos negativos.

Reportagem especial: André Santos – Colaborador do Portal Pebinha de Açúcar
Foto: Arquivo

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