Infelizmente uma criança de apenas dois anos de idade, que se deslocou de São Félix do Xingu até o município e foi internada no Hospital Geral de Parauapebas (HGP), acabou morrendo, vítima de leishmaniose visceral, de acordo com informações da Secretaria Municipal de Saúde.
Confira abaixo uma nota encaminhada ao Portal Pebinha de Açúcar pela Assessoria de Comunicação da Prefeitura Municipal de Parauapebas:
“A Prefeitura de Parauapebas está profundamente consternada com o falecimento nesta quarta-feira, 16, de uma menina de 2 anos, vítima de leishmaniose visceral, e se solidariza à família. Proveniente de São Félix do Xingu, a criança apresentava sintomas da doença há cerca de 30 dias, quando a família procurou tratamento. Primeiro, no próprio município de São Félix. Depois, em Tucumã, onde foi aconselhada a recorrer ao Hospital Geral, em Parauapebas.
E foi somente no HGP que a criança foi diagnosticada com a doença. A equipe médica usou todos os recursos para preservar a vida da menina, mas devido ao seu quadro de saúde já bastante debilitado não foi possível salvá-la.
Desde janeiro de 2017, dois casos de morte por leishmaniose foram registrados em Parauapebas, sendo que ambas as vítimas vieram de outros municípios da região.
A Prefeitura de Parauapebas tem mantido o HGP com as características de um hospital regional, e sua abrangência tem sido cada vez maior. Diariamente, dezenas de pacientes de outros municípios do sul e sudeste do Pará procuram a instituição para algum tratamento de saúde. E poucos têm sido os casos de leishmaniose, mas os riscos existem.
Para enfrentar a doença, o governo municipal intensificou o combate à doença. Carro fumacê, teste rápido em animais, descontaminação em caso positivo para humanos, além de campanha de conscientização, são algumas das ações que já vêm sendo desenvolvidas pela prefeitura. E agora, em parceria com a Semurb, mutirões de limpeza estão sendo realizados em todo o município.
Porém, é necessária a participação de toda a nossa gente no enfrentamento a essa grave doença. É hora de darmos as mãos – poder público e comunidade -, para que casos como o da criança de São Félix não se repitam. Nossos profissionais da saúde estão comprometidos para ajudar em mais esse desafio, para o bem-estar e a boa saúde de toda a população.
Contamos com o apoio de toda a nossa gente contra a leishmaniose!”.
A doença
A Leishmaniose Visceral é uma doença infecciosa sistêmica, caracterizada por febre de longa duração, aumento do fígado e baço, perda de peso, fraqueza, redução da força muscular, anemia e outras manifestações.
Pessoas residentes em áreas onde ocorrem casos de Leishmaniose Visceral, ao apresentarem esses sintomas, devem procurar o serviço de saúde mais próximo e o quanto antes, pois o diagnóstico e o tratamento precoce evitam o agravamento da doença, que pode ser fatal se não for tratada.
Leishmaniose Visceral é uma zoonose de evolução crônica, com acometimento sistêmico e, se não tratada, pode levar a óbito até 90% dos casos. É transmitida ao homem pela picada de fêmeas do inseto vetor infectado. No Brasil, a principal espécie responsável pela transmissão é a Lutzomyia longipalpis. Raposas (Lycalopex vetulus e Cerdocyon thous) e marsupiais (Didelphis albiventris) têm sido apontados como reservatórios silvestres. No ambiente urbano, os cães são a principal fonte de infecção para o vetor.
Sintomas
Os sintomas daLeishmaniose Visceral são febre de longa duração, aumento do fígado e baço, perda de peso, fraqueza, redução da força muscular, anemia e outras manifestações.
Transmissão
Os transmissores são insetos conhecidos popularmente como mosquito palha, asa-dura, tatuquiras, birigui, dentre outros. Estes insetos são pequenos e têm como características a coloração amarelada ou de cor palha e, em posição de repouso, suas asas permanecem eretas e semiabertas.
A transmissão acontece quando fêmeas infectadas picam cães ou outros animais infectados, e depois picam o homem, transmitindo o protozoário Leishmania chagasi.
Prevenção
A prevenção ocorre por meio do combate ao inseto transmissor. É possível mantê-lo longe, especialmente com o apoio da população, no que diz respeito à higiene ambiental. Essa limpeza deve ser feita por meio de:
Limpeza periódica dos quintais, retirada da matéria orgânica em decomposição (folhas, frutos, fezes de animais e outros entulhos que favoreçam a umidade do solo, locais onde os mosquitos se desenvolvem);
Destino adequado do lixo orgânico, a fim de impedir o desenvolvimento das larvas dos mosquitos;
Limpeza dos abrigos de animais domésticos, além da manutenção de animais domésticos distantes do domicílio, especialmente durante a noite, a fim de reduzir a atração dos flebotomíneos para dentro do domicílio.
Uso de inseticida (aplicado nas paredes de domicílios e abrigos de animais). No entanto, a indicação é apenas para as áreas com elevado número de casos, como municípios de transmissão intensa (média de casos humanos dos últimos 3 anos acima de 4,4), moderada (média de casos humanos dos últimos 3 anos acima de 2,4) ou em surto de leishmaniose visceral.
Atualmente, existe uma vacina antileishmaniose visceral canina em comercialização no Brasil. Os resultados do estudo apresentado pelo laboratório produtor da vacina atendeu às exigências da Instrução Normativa Interministerial número 31 de 09 de julho de 2007, o que resultou na manutenção de seu registro pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento. No entanto, não existem estudos que comprovem a efetividade do uso dessa vacina na redução da incidência da leishmaniose visceral em humanos. Dessa forma, o seu uso está restrito à proteção individual dos cães e não como uma ferramenta de saúde pública.
Tratamento
Apesar de grave, a Leishmaniose Visceral tem tratamento para os humanos. Ele é gratuito e está disponível na rede de serviços do Sistema Único de Saúde (SUS).
Os medicamentos utilizados atualmente para tratar a LV não eliminam por completo o parasito nas pessoas e nos cães. No entanto, no Brasil o homem não tem importância como reservatório, ao contrário do cão – que é o principal reservatório do parasito em área urbana. Nos cães, o tratamento pode até resultar no desaparecimento dos sinais clínicos, porém eles continuam como fontes de infecção para o vetor, e, portanto um risco para saúde da população humana e canina. Neste caso, eutanásia é recomendada como uma das formas de controle da Leishmaniose Visceral, mas deve ser realizada de forma integrada às demais ações recomendadas pelo Ministério da Saúde.