O desabastecimento de água nos bairros Tropical e Ipiranga em Parauapebas se agravou em 2015 após o início da obra do ramal ferroviário. A ferrovia tem 101 km de extensão compreendendo o trecho onde se liga com o projeto S11D no município de Canaã dos Carajás, maior complexo de mineração da empresa Vale.
Para construir o ramal ferroviário foram necessárias denotações de rochas e seus impactos teriam danificado inúmeras residências nas proximidades. A suspeita é de que a obra tenha interferido também no mecanismo de captação de água do reservatório que atendia aos bairros, mas que com a obra, secou completamente. A mineradora Vale, por outro lado, nega que tenha havido o impacto ambiental em decorrência da obra.
A equipe de reportagens do Portal Pebinha de Açúcar esteve nas proximidades de alguns pontos da obra do Ramal Ferroviário em Parauapebas e viu vários focos de nascentes de água considerada de boa qualidade. Para aproveitar a água desperdiçada, o SAAEP (Serviço Autônomo Água e Esgoto de Parauapebas), está realizando uma obra de captação para não desperdiçar o líquido preciso.
De acordo com o diretor do SAAEP, Wanterlor Bandeira, já foi feita uma análise da água comprovando a qualidade compatível para o consumo. De acordo com ele, não existe um laudo que comprove, mas admite que a ferrovia pode ter gerado o impacto no reservatório. “Não podemos provar, não quero acusar a empresa Vale, mas suspeitamos que a ferrovia tenha contribuído para secar o reservatório”, disse.
Com os trabalhos do SAAEP no local, a expectativa é que o reservatório possa ser usado novamente para atender a milhares de famílias, que atualmente dependem exclusivamente do abastecimento feito por caminhões pipas.
Porém, para Wanterlor Bandeira, o SAAEP só poderá realmente sanar a falta de água a longo prazo, quando o órgão passar a ser administrado pela iniciativa privada. A instituição acumula um prejuízo milionário de consumidores inadimplentes, principalmente empresas, que caso houvesse o pagamento, para o diretor, daria para fazer investimentos.
A obra do ramal ferroviário é objeto de denúncia no Ministério Público Estadual (MPPA) desde 2015, o órgão disse que produziria um laudo técnico para comprovar se há impactos ambientais que expliquem a falta de água.
Reportagem: Jéssica Diniz / Da Redação do Portal Pebinha de Açúcar