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Polícia Militar coloca atrás das grades homicida e traficantes

Maria assumiu prontamente a propriedade da droga encontrada em sua casa, dizendo “ter comprado ali”, mas não soube dizer com quem. Perguntada como aconteceu sua prisão, ela diz apenas que foi abordada na rua e levada à sua residência, no bairro Rio Verde, em Parauapebas, onde entregou a droga.

Maria de Sousa Melo, tem 19 anos de idade, e diz não ter passagem anterior pela polícia e mensura não ter muito tempo que pratica o perigoso negócio do tráfico.

Quem efetuou a prisão de Maria foi o Tenente Honorato; ele estava no comando da Operação Saturação, quando recebeu denúncia de que três elementos estavam comercializando entorpecentes no Bairro daPaz, sendo um deles responsável por vários homicídios em Parauapebas. “Foi feita a diligência e, ao encontrá-los, abordagem”, conta Tenente Severo, dando conta de que os suspeitos esboçaram reação, sendo necessário o uso da força para rendê-los.

Maria Souza de Melo, Thiago Ferreira Araújo e Rodrigo Ferreira Menezes

 

No momento da prisão, já foi encontrado com Maria uma peteca de cocaína, que logo foi entregue para os policiais, além de informar que havia mais da droga em sua residência, onde a polícia fez diligência, encontrando mais 30 gramas da droga e 391 gramas de maconha.

Um dos integrantes do trio é Nelson, suspeito de estar envolvido em vários homicídios confessados por ele mesmo, sempre com ajuda de um comparsa de prenome Rodrigo, sendo dois deles na noite de sexta-feira, 1, quando feriu quatro pessoas, vindo duas a falecer e outras duas salvas graças ao socorro e atendimento hospitalar; no mesmo dia, de acordo com confissões de Nelson, cometeu outro homicídio. Investigações apontam que o frio assassino pertença ao PCC – Primeiro Comando da Capital.

O motivo dos assassinatos, conforme afirmado pelo réu confesso, é desentendimentos entre as facções PCC e Comando Vermelho.

Além de homicídios, a dupla praticava ocultação de cadáveres, então levou a polícia ao local e mostrou o corpo de uma de suas vítimas.

Para fechar a ação, Nelson informou que a arma do crime estava na casa de seu comparsa, Rodrigo Ferreira Menezes, no Residencial Alto Bonito, onde a polícia fez diligência. Mas, de acordo com o militar, ao chegarem na residência, Rodrigo avistou a guarnição e tentou esconder a arma, um revólver calibre 38, na casa de sua vizinha, onde foi feito buscas e encontrada.

Nelson Ferreira da Silva

 

Rodrigo tem 23 anos de idade e confessa ter passagem pela polícia por tráfico de drogas, mas, nega envolvimento nos homicídios dos quais é acusado.

Assim, Maria, Nelson e Rodrigo, foram apresentados na 20ª Seccional de Polícia Civil de Parauapebas. Com eles surge um novo personagem. Trata-se de Tiago Ferreira Araújo, que, por estar na companhia dos suspeitos, também foi conduzido para a DEPOL.

Contra Tiago, pesa apenas a suspeita de também ser envolvido com tráfico de drogas no município. De acordo com justificativas de Tiago, ele apenas estava andando com os suspeitos; disse ainda morar em Canaã dos Carajás e que estava em Parauapebas apenas procurando uma casa para alugar, pois, pretende se mudar para cá, fugindo do desemprego sofrido em seu município.

 

De acordo com o diretor da 20ª Seccional de Polícia Civil de Parauapebas, Gabriel Henrique, Rodrigo é titularizado dentro do bloco carcerário de Parauapebas como chefe do PCC no município. “Agora com a prisão dos suspeitos e apreensão da arma faremos o exame de balística para confirmar se ele é o autor das tentativas e dos homicídios”, explicou Gabriel Henrique.

Cinzas da paraense Lenilda Andrade que morreu em Brumadinho chegam amanhã a Parauapebas

As cinzas da paraense Lenilda Cavalcante Andrade (foto), de 36 anos, chegam nesta terça-feira, 5, em Parauapebas, sudeste do Pará. O corpo da funcionária da Vale foi identificado neste sábado (2). Lenilda morava com o filho em Brumadinho desde 2016, quando foi transferida de Parauapebas para a cidade mineira. Devido o estado avançado de decomposição, o corpo teve que ser cremado em Belo Horizonte.

O reconhecimento do corpo de Lenilda só foi possível através de exame de DNA feito com o material colhido do pai. Wesley Eduardo de Assis (foto), namorado da paraense, continua desaparecido. Ele era operador de máquinas, e trabalhava em uma empresa terceirizada, que prestava serviços para a Vale.

Os pais de Lenilda estavam em Brumadinho desde o dia do acidente. “Só saio de Brumadinho com a minha filha”, declarou o pai em entrevista ao Portal Roma News.

Vale diz que suas barragens no Pará têm modelo de construção diferente da de Brumadinho-MG

No Estado do Pará, todas as barragens da Vale têm modelo de construção diferente da barragem da Mina Córrego Feijão, em Brumadinho. A barragem do Sossego é classificada de baixo risco conforme norma da Agência Nacional de Mineração (ANM).

As barragens estão em conformidade não apenas com a legislação ambiental brasileira, mas, seguem, também os mais altos padrões internacionais de segurança. São realizados monitoramentos e inspeções periódicas em todas as estruturas que se enquadram na Política Nacional de Segurança de Barragens.

A empresa montou ainda com grupo de trabalho que apresentará um plano para elevar o padrão de segurança das barragens da empresa. O objetivo é superar os parâmetros mais rigorosos existentes hoje no Brasil e no mundo. Essa semana, a empresa anunciou o descomissionamento de todas as suas barragens a montante mesmo modelo da mina em Brumadinho, todas em Minas Gerais.

TCM-PA vai auditar projeto de U$750 mil em Parauapebas

Em reunião ocorrida entre o Tribunal de Contas dos Municípios do Pará (TCM-PA) e representantes da Prefeitura de Parauapebas, no último dia 31, foi definido que as ações de auditoria no Projeto de Macrodrenagem, Proteção de Fundos de Vales e Revitalização da Margem do Rio Parauapebas (Prosap) serão iniciadas ainda esse semestre. O coordenador de projetos especiais da Prefeitura, Cleverland Araújo, e o coordenador do Prosap, Daniel Benguigui, reuniram com o presidente do Tribunal, conselheiro Sérgio Leão, e servidores da Corte de Contas, em Belém.

Os coordenadores explicaram as obras realizadas pelo projeto já concluído, como os 10 km de macrodrenagem executados, o modo de operacionalização da iniciativa enquanto unidade de gestão orçamentária, visto que está ligada diretamente ao gabinete do prefeito, e que teve o financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) na ordem de U$750mil. A Prefeitura investiu o valor de contrapartida de U$112,5 mil em serviços, mão de obra e outros recursos.

De acordo com encaminhamentos da reunião, a Prefeitura apresentará um Termo de Referência ao BID para que o Banco aprove, neste documento, o cronograma de auditoria proposto. As ações de auditoria serão feitas pelo TCM-PA por conta de ser o órgão autorizado a fiscalizar os investimentos do Banco nos municípios paraenses, conforme Protocolo de Entendimento assinado entre o Tribunal e o Banco Interamericano de Desenvolvimento em janeiro de 2016.

Cinco técnicos do Tribunal farão a auditoria na prestação de contas da aplicação dos recursos não-reembolsáveis do BID em Paraupebas e utilizarão as normais internacionais adotadas pelo Banco. Para o coordenador da Prefeitura, Cleverland Araújo, a análise feita pelo TCM-PA nas contas do projeto, além de ser melhor que a contratação de uma auditoria privada que utiliza outros parâmetros, embasa também a prestação de contas final do projeto conforme as exigências legais do próprio Tribunal. “Temos uma melhor interlocução com TCM e esclareceremos as dúvidas de maneira mais efetiva”, comentou o representante da Prefeitura de Parauapebas na reunião.

Além de auditar as ações financiadas pelo BID em Parauapebas, o TCM-PA analisará também as prestações de contas dos investimentos feitos pelo Banco no município de Belém.

Instaladas recentemente, lixeiras públicas são alvo de vandalismo

A Secretaria Municipal de Serviços Urbanos de Parauapebas (Semurb), desde o mês passado vem fazendo a instalação de novas lixeiras em várias partes da cidade. Locais como ao longo da PA-275 e nas proximidades do Lago do Nova Carajás já foram beneficiados.

A instalação das lixeiras é importantíssima para a cidade, porém, infelizmente ações de vandalismo estão destruindo várias unidades, e outras, estão precisando receber reparos por parte da Secretaria Municipal de Serviços Urbanos que está precisando colocar servidores públicos nas ruas para fazer os devidos reparos.

 

Destruir ou danificar patrimônio público é crime!

Patrimônio Público é o conjunto de bens e direitos de valor econômico, artístico, estético, histórico ou turístico, pertencentes aos entes da administração pública direta e indireta. Segundo a definição da lei, o que caracteriza o patrimônio público é o fato de pertencer ele a um ente público – a União, um Estado, um Município, uma autarquia ou uma empresa pública.

O que diz o Código Penal (Lei Nº 2.848/40) sobre Dano ao Patrimônio Público?

Art. 163 – Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia:

Pena – detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa.

Parágrafo único – Se o crime é cometido:

I – com violência à pessoa ou grave ameaça;

II – com emprego de substância inflamável ou explosiva, se o fato não constitui crime mais grave;

III – contra o patrimônio da União, Estado, Município, empresa concessionária de serviços públicos ou sociedade de economia mista;

IV – por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a vítima

Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, e multa, além da pena correspondente à violência.

Após reclamação, Semurb realiza limpeza nas proximidades da Escola Antônio Matos Filho

Na última sexta-feira (1), a equipe de reportagens do Portal Pebinha de Açúcar recebeu reclamação por parte de pais de alunos da Escola Municipal Antônio Matos Filho, que fica localizada na Rua Santa Maria, no Bairro Nova Vida, em Parauapebas. Veja a matéria clicando AQUI.

Os pais afirmaram que a situação por lá é caótica, tendo em vista que nas proximidades da escola não existem calçadas e os alunos são obrigados a colocar suas respectivas vidas em risco ao dividir espaço na rua com os veículos que passam com frequência.

No sábado (2), uma equipe da Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (Semurb), se deslocou até a escola e fez uma limpeza geral em toda a área que foi denunciada pelos pais dos alunos.

 

Agora, os pais esperam que a Secretaria Municipal de Obras (Semob) possa fazer os serviços de calçamento, para que o mato alto não possa virar novamente alvo de reclamações e que as crianças possam trafegar pelas calçadas ao se deslocar com segurança para a escola.

Polícia identifica homem que matou mototaxista com requintes de crueldade

Durante a tarde do último domingo (3), a equipe de reportagens do Portal Pebinha de Açúcar publicou AQUI a triste notícia de um crime que foi registrado em Parauapebas com requintes de crueldade, onde após uma confusão em um bar, um homem foi golpeado na cabeça, amarrado, arrastado em sua própria moto e após tudo isso, se não já bastasse, o assassino ateou fogo no veículo e no corpo da vítima fatal.

A vítima  foi identificada como Maurivan Coimbra de Sousa, que tinha 38 anos de idade, era natural do município de Riachão, no Maranhão e desenvolvia as atividades profissionais como mototaxista em Parauapebas.

Investigadores da Vigésima Seccional de Polícia Civil de Parauapebas agiram rápido e já divulgaram o nome do principal suspeito de ter praticado o crime macabro, trata-se de Danilo Saldanha Soares, de 22 anos de idade. Ele está foragido e já teve passagem pela polícia por furto.

 

Na Seccional de Polícia Civil, nossa reportagem conversou com uma testemunha que estava no bar no momento do crime e prestou depoimento às autoridades policiais. “Eles começaram a brigar e eu nem levantei da minha cadeira. O mototaxista jogou cerveja no rosto de uma mulher e tentou bater nela, foi aí que o Danilo Saldanha achou ruim e iniciou uma briga. O mototaxista foi golpeado na cabeça e desmaiou com uma paulada”, relatou a testemunha, que disse que no momento da confusão tinham umas 10 pessoas no bar.

Ainda de acordo com a testemunha, após esse momento ele foi para casa e depois de algum tempo, Danilo Saldanha teria ido por lá e informou que teria matado o mototaxista queimado. “Ele deixou a moto e foi embora em rumo ignorado”, finalizou.

Agora, a Polícia Civil tenta localizar Danilo Saldanha Soares para que ele possa responder pelo crime que tirou a vida do mototaxista como Maurivan Coimbra de Sousa.

Mina do Sossego não dá tranquilidade a povoado

Moradores da Vila Bom Jesus, na zona rural de Canaã dos Carajás, não dormem mais direito. Eles temem um acidente na Mina do Sossego, da Vale, distante aproximadamente seis quilômetros daquela comunidade. Eles contam que a Vale usa explosivos para a extração de cobre. E que essas explosões causaram rachaduras em várias casas da vila, onde moram 600 famílias – o equivalente a mais de mil pessoas. “Explode lá e treme aqui”, disse a dona de casa Danierika Barbosa, mostrando as rachaduras nas paredes de sua casa, que fica na avenida Sossego.

Ela contou que, no dia do acidente em Brumadinho, uma funcionária da Vale foi à vila e conversou com os moradores. “Ela disse para a gente que a mina é segura. Se fosse segura, por que colocaram sirene há um mês?”, questionou. A sirene serve para alertar os moradores em caso de um acidente.

Danierika Barbosa mostra rachaduras na casa onde mora, que seriam provocadas por explosões em minaDanierika Barbosa mostra rachaduras na casa onde mora, que seriam provocadas por explosões em mina (Akira Onuma / O Liberal)

 

Danierika disse que acorda toda noite chorando, pensando em seus três filhos. A mais nova tem apenas três meses de vida. “Ninguém dorme mais. Posso ter que sair correndo de casa, porque não tem hora para explodir. Lá em Brumadinho foi às 12 horas. E se isso acontecer à noite, como fica?”, disse. “Só não me mudei porque não tenho para onde ir. Para eles, o que vale é o minério, não é a vida”.

O marido dela, Isaque Barbosa dos Santos, é presidente da Associação dos Moradores da Vila Bom Jesus. “A gente vive em insegurança. Não sabe se (um acidente) pode acontecer à noite, um horário que dificulta mais”, disse Isaque. “Como vai se pensar em construir um futuro com a sua família em um lugar desses?”, completou.

Seu Francisco Adriano de Oliveira, de 68 anos, mora na vila desde 1986 – há 33 anos. “A gente não dorme mais, assombrado”, disse. “Nós estamos correndo risco. A comunidade se sente acuada”. Ao falar sobre a proximidade da vila com a mina, seu Francisco afirmou: “Estamos encostados em uma bomba. Ou nós ficamos ou ela (Vale) sai. Prefiro que ela saia”. Ele lembrou que a vila existe antes da mina.

REUNIÃO

Na terça-feira passada, apreensivos com a tragédia ocorrida em Brumadinho, o presidente da associação dos moradores e membros da comunidade fizeram uma reunião, da qual também participaram três vereadores. Com medo, muitos moradores não querem mais morar na vila. A reunião ocorreu na quadra do colégio, que ficou lotada, com mais de 200 pessoas.

Isaque Barbosa informou que vai encaminhar um ofício à Vale, para que a empresa compareça a uma reunião no próximo dia 6, naquela comunidade. Tema: o “risco que a barragem de rejeito oferece aos moradores da Vila Bom Jesus”, informou.

BRUMADINHO VIROU PESADELO

“A pessoa morrer assim de graça é muito ruim. Tem que esperar Deus vir buscar. Mas não morrer assim, tampado debaixo de lama”, disse José João Pereira, de 71 anos. Ele, a esposa, Maria de Fátima Oliveira, de 69 anos, e o filho, de 29, moram a pouco mais de um quilômetro da Mina do Sossego. “A gente fica preocupado com esse tipo de coisa. Morrer de graça não presta. O senhor acha que presta?”, completou ele, que é mais conhecido como Zezinho.

Maria de Fátima afirma que não está segura morando às proximidades da Mina do Sossego
Maria de Fátima afirma que não está segura morando às proximidades da Mina do Sossego (Akira Onuma / O Liberal)

 

Morando na zona rural de Canaã dos Carajás há mais de dois anos, ele afirmou que, agora, pensa em deixar o local. “Quero sair por causa desse problema”, disse. “A gente fica preocupado. O senhor não ficaria preocupado se estivesse no meu lugar? Morrer debaixo do lameiro, atolado”.

Dona Maria disse que não tem dormido direito e quer sair daquele local. Ela reclama que só Deus, e não um acidente ambiental, pode tirar a vida das pessoas. “A vida da gente só quem resolve é Deus”, disse. “Se acontecer alguma coisa, não dá tempo de correr”. Dona Maria também falou sobre as explosões na mina. “É um papoco para lá. Quebrando não sei se é pedra. Ninguém sabe o que é. É só zuada. Estremece a casa. Fico assustada”, afirmou. O casal não têm televisão em casa e está sem rádio, que, disse dona Maria, “desmantelou”. Mas eles souberam do crime ambiental quando estiveram na sede de Canaã dos Carajás e assistiram ao noticiário nos telejornais. “Fiquei tão preocupada que mandei meu velho vender as coisas aqui, as galinhas, para a gente ir embora. A gente não quer perder a vida assim”, disse dona Maria.

HISTÓRICO

Segundo o site da empresa Vale, “o início da produção Mina do Sossego, em 2004, marcou a entrada da Vale no mercado mundial de cobre e ajudou a transformá-la em uma das maiores empresas de mineração diversificada do planeta.” “Sossego é a primeira mina de cobre da Vale e contribui de forma significativa para o desenvolvimento de Canaã dos Carajás. 
Desde 2004, a mineradora já investiu cerca de R$ 200 milhões em obras de infraestrutura e ações para o desenvolvimento econômico e social do município, que melhoraram os serviços nas áreas de saúde, educação, esporte, cultura, segurança pública, saneamento básico e transporte. Todo esse investimento foi realizado em parceria com a prefeitura.”

O MEDO É CONSTANTE

“O povo não tem informação e nem preparação para reagir aos possíveis danos de um acidente em uma barragem, diz Iury Paulino Bezerra, membro da coordenação nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB). “A população vive sem condição de, minimamente, organizar uma defesa de suas vidas, suas comunidades, seus bens”.

Na avaliação do MAB, a segurança de barragens é um direito que tem sido negado às populações atingidas. “Nós não temos a oportunidade de debater, discutir os riscos que uma barragem pode causar à região onde ela está instalada – seja barragem de rejeitos de mineração ou para usinas hidrelétricas”, disse Iury Paulino.

Ao ser implantada, a barragem muda todo o território. E a população passa a conviver com uma nova realidade. “E sem conhecer os riscos, que são constantes e que, muitas vezes, aparecem mais quando causam grandes tragédias, como em Mariana e, agora, em Brumadinho”, disse.

Barragem do Gelado já aumentou três vezes

“De sexta-feira (25 de janeiro, dia do acidente em Brumadinho) para cá, minha cabeça praticamente virou. Agora só penso em ir embora daqui. O cara, quando está com a cabeça igual à minha, apreensivo, não dorme. Nunca pensei em ir embora daqui. Mas, agora, meu pensamento é ir embora”. O depoimento é do lavrador Gervásio Gomes dos Santos, que tem 74 anos e mora na área há 30.

Ele reside a 500 metros da barragem do Gelado, da Vale. O lavrador mora na Área de Proteção Ambiental (APA) do Gelado, distante 50 quilômetros de Parauapebas, sudeste paraense. Na APA, há uma das maiores barragens da mineradora no Estado. Lá, vivem 123 famílias com permissão do governo federal para morar e cultivar a terra.

O lavrador mora com a esposa, Diosanta Vieira dos Santos, de 68 anos, e a neta, de 16. Seus oito filhos residem em Parauapebas, distante 70 km de Canaã. “Não durmo bem à noite. Fico com medo de acontecer comigo o que aconteceu com aquele pessoal lá (em Brumadinho), que, até hoje, não tiraram os corpos”, contou. “Se acontecer (o rompimento da barragem), sou o primeiro (a ser atingido), pois estou a 500 metros da barragem. A barragem quebrando, vem todinho até aqui”, afirmou.

“Se acontecer (o rompimento da estrutura), sou o primeiro (a ser atingido), pois estou a 500 metros da barragem”, lamenta Gervásio Gomes

“Tenho aqui galinha, gado, cavalo. E o mais interessante: a minha vida, da minha esposa e da minha neta”, disse.

Mais conhecido como Dério, um apelido de juventude, ele contou que a vida era tranquila em seu sítio. Isso até a tragédia em Brumadinho. “Até sexta-feira, gostava de morar aqui. Comprei essa terra baratinho. Agora, estou apreensivo e preocupado demais”, disse. Antes, ele acordava às seis da manhã e ia cuidar da roça. “Antes de Mariana, não ficava preocupado. Achava que barragem era segura”, disse. Sobre o acidente em Brumadinho, ele comentou: “Fiquei com pena. Correu água do olho. E olha que não tenho parentes lá”.

Gervasio e Diosanta tinham vida tranquila até as tragédias de Mariana e Brumadinho
Gervasio e Diosanta tinham vida tranquila até as tragédias de Mariana e Brumadinho (Akira Onuma / O Liberal)

 

Seus filhos querem que eles deixem o sítio e sigam para morar em Parauapebas. Na quinta-feira, 31 de janeiro, o lavrador recebeu mensagem de um irmão que mora perto de Marabá. “Ele disse para eu ficar veaco, que poderia acontecer comigo o que aconteceu com eles lá”, disse.

Ele lembrou que só era mata quando chegou à área. E que só deixará sua propriedade se a Vale indenizá-lo. Seu Dério disse que a barragem chegou primeiro que ele. Mas que, desde então, a empresa já aumentou esse empreendimento três vezes.

ALERTA NA BARRAGEM DO GELADO

Sirenes são instaladas em pontos estratégicos. Em novembro do ano passado a comunidade participou da simulação de um acidente, realizada pela Vale. Os moradores receberam informações sobre como agir quando a sirene fosse acionada. No mesmo mês, a Vale instalou sirenes na APA do Gelado, com o objetivo de alertar a comunidade em caso de emergências.

“TODOS OS VIZINHOS ESTÃO PREOCUPADOS”

Na manhã de quinta-feira, 31 de janeiro, a reportagem encontrou o produtor rural Raimundo Nonato de Souza, de 67 anos tomando banho e lavando roupas em uma nascente em sua propriedade, na Área de Proteção Ambiental (APA) do Gelado. Uma convivência tranquila com a natureza. Ele mora nessa área há 25 anos. E, na terra, planta mandioca, feijão, pupunha e açaí. A produção é vendida, aos sábados, na feira do produtor, em Parauapebas.

Ele contou que as pessoas viviam tranquilas. Mas que isso mudou após o acidente em Mariana, há três anos. “Depois de Mariana, começou a dar um medozinho”, disse. A apreensão aumentou bastante com a tragédia em Brumadinho. “Agora, ficamos mais preocupados. Moro a um quilômetro da barragem. Todos os meus vizinhos estão preocupados”.

“Quando atinge um, a gente não fica satisfeito. É vida, né? A gente fica preocupado com os acidentes que estão ocorrendo”, afirmou Raimundo Nonato. “E outra: dinheiro não paga vida. Você vê em Brumadinho o tanto de gente que tem debaixo da terra e juntando urubu por cima, porque não tem mais condição de tirar (os corpos)”.

Raimundo disse que sua terra é “muito boa” e que ele já está “estruturado”. E acrescentou: “Tenho tudo aqui. Não quero sair. Só se a Vale me indenizar. Não posso largar o que é meu”. Ele contou que, depois do acidente em Mariana, há três anos, há sirenes instaladas em vários pontos da APA do Gelado. Mas, para Raimundo, os moradores, em caso de acidente, deveriam ser avisados com bastante antecedência. “Se avisar 15 minutos antes, só dá tempo de pegar o calção. Imagina se for à noite”, disse ele, que é pai de dez filhos.

Raimundo Nonato de Sousa mora na APA do Gelado há 25 anos e diz que a apreensão dos moradores do lugar aumentou bastante depois do episódio de BrumadinhoRaimundo Nonato de Sousa mora na APA do Gelado há 25 anos e diz que a apreensão dos moradores do lugar aumentou bastante depois do episódio de Brumadinho (Akira Onuma / O Liberal)

 

Se a sirene tocar, os moradores devem ir para uma parte mais alta. “E se não der tempo de chegar lá?”, questionou. Seu Raimundo disse que, perto dele, moram cinco famílias – todos parentes entre si. Segundo os moradores, há dois caminhos para chegar à APA. Um deles é controlado pela Vale, pois fica na propriedade da empresa. No outro, que a mineradora construiu há uns oito anos para o acesso dos moradores, percorre-se um trecho no asfalto. E, depois, por estradas vicinais de chão batido. No total, em torno de uma hora e meia de carro saindo de Parauapebas.

VALE ESCLARECE QUESTÕES SOBRE EMPREENDIMENTOS

Em nota enviada à redação, a Vale informa que “as barragens estão em conformidade não apenas com a legislação ambiental brasileira, mas, seguem, também os mais altos padrões internacionais de segurança. No Estado do Pará, todas as barragens da Vale têm modelo de construção diferente da barragem da Mina Córrego Feijão, em Brumadinho.” “Nenhuma barragem da Vale no Pará tem categoria de risco alto. A barragem do Sossego e da Apa do Gelado são classificadas de baixo risco, conforme norma da Agência Nacional de Mineração (ANM).”

“São realizados monitoramentos e inspeções periódicas em todas as estruturas que se enquadram na Política Nacional de Segurança de Barragens. A empresa montou ainda um grupo de trabalho que apresentará um plano para elevar o padrão de segurança das barragens da empresa. O objetivo é superar os parâmetros mais rigorosos existentes hoje no Brasil e no mundo. Essa semana, a empresa anunciou o descomissionamento de todas as suas barragens a montante mesmo modelo da mina em Brumadinho, todas em Minas Gerais.”

“A Vale reforça que tem uma equipe dedicada ao relacionamento com as comunidades situadas no entorno de suas operações e vem reunindo, por meio de Comitês, buscando manter o diálogo contínuo com os moradores.” “Conforme cadastrado no Sistema de Gestão Integrado de Barragens, a barragem do Gelado tem volume atual de 110,4 milhões m³ e começou a operar, em 1986”, informa a Vale, ao ressaltar que nunca houve rompimento da barragem em questão e que as normas de segurança seguem a Portaria DNPM 70.389/2017.

Sobre a Mina do Sossego, a Vale “esclarece que a atividade de detonação ocorre obedecendo todos os parâmetros técnicos e normas que regulamentam a atividade, para que não haja riscos como rachaduras, garantindo a segurança da comunidade nas proximidades. A empresa informa ainda que mantém um Comitê com a comunidade da Vila Bom Jesus com reuniões periódicas e diálogo permanente”.

Após morte trágica de casal, mais um acidente é registrado na PA-275

Na manhã de hoje, dia 04, na mesma rodovia que um casal morreu na noite de ontem (3), outro acidente foi registrado na Rodovia PA-275. Dessa vez, um veículo tipo Corolla, de Parauapebas, saiu da estrada e o condutor precisou ser socorrido às pressas.

É possível que o acidente tenha sido motivado pela situação precária de um trecho da PA-275, localizado cerca de 10 km de Curionópolis, saindo de Parauapebas.

A vítima, segundo informações, é um micro-empresário de Parauapebas. Populares foram os primeiros a chegar e auxiliar o motorista, em seguida, acionaram os órgãos de saúde alertando para o estado grave do acidente. A vítima foi encaminhada com vida ao Hospital Regional de Parauapebas (HGP).

Confira algumas fotos:

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