Pesquisar
Close this search box.
Pesquisar
Close this search box.

Residencial Alto Bonito recebe visita dos seus futuros moradores

Beneficiado com o projeto, o sondador Antônio Nonato Gomes de Almeida, 43 anos, disse que ganhar o apartamento é a realização de um grande sonho. “Sofri muito, em cima de morro e, graças a Deus, vou morar num lugar bonito como esse. Eu acreditei nessa equipe e na secretária de habitação e, hoje, vejo que eles foram verdadeiros com a gente. Estou feliz e não vejo a hora de mudar pra cá”, relatou.

“O único que cumpriu com o que disse foi o prefeito Valmir Mariano. Deus é conosco e quando o governo faz uma coisa para o seu povo, ele também está na glória”, falou, emocionada, Antônia Caetano da Silva, 68 anos.

Quem também não escondeu a emoção foi a dona de casa, Maria Raimunda Pastana de Freitas, 64 anos. Moradora do Morro do Chapéu por quase quatro anos, dona Maria relatou que a melhor coisa que ela fez foi acreditar que o Governo Valmir Mariano mudaria a sua vida e das muitas famílias que ali viviam. “Eu sabia que o senhor Valmir, com aqueles cabelos brancos, não nos abandonaria. Muitas pessoas me falam que os prédios vão desabar a qualquer momento, mas isso é coisa de gente que não quer o nosso bem. Eu não acredito nessa conversa, pois confio muito nos engenheiros que estão fazendo essa obra”, declarou.

Compartilhando da mesma alegria, a também dona de casa, Iranilda Araújo do Nascimento, 48 anos, lembrou da vida difícil que enfrentou quando morava no morro. Segundo ela, o sofrimento era grande e as dificuldades ainda maiores, principalmente, quando ela precisava descer e subir o morro, enfrentando forte chuva e, às vezes, sob sol escaldante. “Era muito sofrimento, faltava água e, naquela época, eu trabalhava e precisava descer o morro todos os dias. Hoje, quando vejo esses apartamentos, só tenho vontade de chorar, mas o meu choro é de felicidade”, afirmou.

Visita

A apresentação da obra aos moradores ocorreu em dois momentos. No primeiro, a equipe da Sehab recepcionou os visitantes, repassou informações sobre a estrutura do empreendimento e informou sobre as reuniões que serão realizadas com eles para o desenvolvimento do Projeto de Trabalho Técnico Social (PTTS). Na ocasião, os moradores fizeram perguntas à equipe técnica do projeto.

No segundo momento, os visitantes foram divididos em grupos e, transportados em vans, conheceram o canteiro de obras, desceram no local de implantação de uma torre que já está na fase de acabamento e conheceram o apartamento modelo.

De acordo com a secretária de Habitação, Maquivalda Barros, esse é o primeiro encontro de muitos que serão realizados com os futuros moradores do Residencial Alto Bonito. “Vamos levar os moradores para conhecer a obra e, a partir de agora, iniciaremos o trabalho social, o qual reforça a questão de morar em apartamentos, da importância do respeito ao vizinho e o cuidado que todos devem ter com as suas moradias”, disse.

Responsabilidade social

O Residencial Alto Bonito tem contribuído também para o desenvolvimento profissional de alguns moradores, como é o caso do carpinteiro Francisco das Chagas Ferreira da Silva. Além de ganhar um apartamento, ele recebeu um importante apoio: uma oportunidade de trabalho na Qualy Fast, empresa responsável pela obra.

“A minha vida mudou completamente, pois hoje trabalho na empresa e estou ajudando a construir o lugar onde eu vou morar. Eu vejo o cuidado e a segurança com a construção de cada apartamento. Não tenho palavras para resumir a felicidade que estou sentindo. É uma honra estar com os meus vizinhos aqui”, destacou Francisco.

O Alto Bonito é um dos mais completos projetos habitacionais do Estado do Pará, com localização no Km 3 da PA 160. O investimento prevê a construção de 2.400 unidades habitacionais, em duas fases. Na fase I, serão entregues 1.008 apartamentos, com previsão de conclusão até julho deste ano. Já a fase II, com 1.392 apartamentos, deve ser concluído no primeiro semestre de 2016.

Os apartamentos têm 47 metros quadrados divididos em dois quartos, banheiro, sala e cozinha/área de serviço. O Residencial faz parte do Programa Minha Casa Minha Vida, do Governo Federal. A obra é um projeto de urbanização de assentamento precário, com investimentos de mais de R$ 234 milhões, dos quais a Prefeitura já investiu R$ 84 milhões.

Fotos: Irisvelton Silva

Campanha de combate à tuberculose alerta população

De acordo com a enfermeira Michelle Ferreira, coordenadora municipal de programa de combate à tuberculose, durante todo o ano ações são realizadas para sensibilizar a população, porém, durante a campanha, que ocorre em alusão ao Dia Mundial de Combate à Tuberculose, 24 de março, elas serão intensificadas.

Palestras e orientações para usuários das unidades de saúde, além de encaminhamento para realização de exame para diagnóstico da doença são realizados durante toda essa semana. Além das ações nas unidade de saúde, vídeos e áudios alertando a população sobre a doença, estão sendo veiculados na mídia local.

Segundo Michelle Ferreira, todos os profissionais das Unidades de Saúde da Família (USF) foram capacitados em 2014 para atuar na detecção dos casos e respectiva busca ativa de pacientes. “Estudos apontam que cerca de 30% da população mundial tem a bactéria, isso não implica dizer que elas estão com a doença, porém, com a baixa da imunidade ela pode ser desenvolvida”, acrescenta a enfermeira.

Tuberculose

A tuberculose (TB) é uma doença infecciosa e transmissível que afeta prioritariamente os pulmões. A doença é curável. Anualmente são notificados cerca de 6 milhões de novos casos em todo o mundo, levando mais de um milhão de pessoas a óbito. O surgimento da aids e o aparecimento de focos de tuberculose resistente aos medicamentos agravam ainda mais esse cenário.

No Brasil, a tuberculose é sério problema da saúde pública, com profundas raízes sociais. A cada ano, são notificados aproximadamente 70 mil casos novos e ocorrem 4,6 mil mortes em decorrência da doença. O Brasil ocupa o 17º lugar entre os 22 países responsáveis por 80% do total de casos de tuberculose no mundo.

Nos últimos 17 anos, a tuberculose apresentou queda de 38,7% na taxa de incidência e 33,6% na taxa de mortalidade. A tendência de queda em ambos os indicadores vem-se acelerando ano após ano em um esforço nacional, o que pode determinar o efetivo controle da tuberculose em futuro próximo, quando a doença poderá deixar de ser um problema para a saúde pública.

A descentralização do tratamento para a Atenção Básica pode ser apontada como uma das causas da redução nos índices da doença. O Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza gratuitamente o tratamento contra a tuberculose. Para atingir a cura, o paciente deve realizá-lo durante seis meses, sem interrupção. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, atualmente, existam no mundo nove milhões de casos novos da doença.

O principal sintoma da tuberculose é a tosse por mais de três semanas, com ou sem catarro. Qualquer pessoa com esse sintoma deve procurar uma unidade de saúde para fazer o diagnóstico. São mais vulneráveis à doença as populações indígenas, presidiários, moradores de rua – estes devido à dificuldade de acesso aos serviços de saúde e às condições específicas de vida -; além das pessoas vivendo com o HIV.

af-CaliaY2-MS-Tuberculose-FAIXA-400x200cm

Alunos escrevem livros sobre Ourilândia e Tucumã

Acontece nesta terça-feira, 24/3, às 19h, no Colégio Pitágoras de Ourilândia, o lançamento e noite de autógrafos dos livros “Velhas Histórias de Ourilândia e Tucumã. Escrito por alunos do Ensino Médio, o livro tem o patrocínio da Vale e vem valorizar histórias de pessoas que chegaram nas cidades, principalmente nos anos 80, e conquistaram o desenvolvimento desta região.

A publicação nasceu na sala de aula, unindo as disciplinas arte e redação e o talento de jovens da 1ª série do Ensino Médio do Colégio Pitágoras de Ourilândia do Norte. A produção iniciou em 2014. Os alunos entrevistaram 38 moradores antigos. O resultado está nas 64 páginas de cada livro, com narrativas de dramas, suspense, comédia e amor adequadas ao gênero conto e que revelam a história das duas cidades.

O Diretor de Onça Puma, Fernando Marino fala da importância da publicação. “Para a Vale, apoiar a publicação desta edição é ao mesmo tempo contribuir com a educação, por meio do estímulo à criatividade e capacidade dos jovens da região e com a preservação da cultura e da história destes importantes municípios paraenses, através da valorização da experiência de vida dos seus antigos moradores”.

Para o professor Fernando Faria, um dos autores do projeto, a publicação tem importância fundamental para a preservação da memória de Ourilândia e Tucumã. “A inexistência de material literário com esse contexto e gênero para o município já seria uma justificativa coerente. Entretanto, o que torna ainda maior a necessidade dessa produção é o raro, insuficiente e limitado arquivo público da História destes dois municípios”.

Para a professora de redação, Ana Paula Batista, a publicação vem a ser um estímulo para a valorização da região. “A ideia de que a comunidade conte e registre a sua história, a torna autônoma e fortalece a compreensão da identidade do povo desta região. Além de que, esse projeto pode despertar o interesse dos demais cidadãos em continuar a valorizar os acontecimentos históricos de Ourilândia e Tucumã”, destaca.

Pedagoga Cimeire Silva é nova gestora da Secretaria Municipal da Mulher

Conforme nomeação feita pelo prefeito Valmir Mariano por meio do Decreto nº 235, Cimeire Silva é a nova gestora da Secretaria Municipal da Mulher (Semmu).

Formada em pedagogia, se dedica à docência de alunos da alfabetização à 8ª série, há 22 anos. Exerce papel importante de liderança junto às mulheres e a comunidades evangélicas de Parauapebas.

Quanto ao desafio de estar frente à Semmu, Cimeire vê uma oportunidade de potencializar o trabalho feito até agora. “Estou aqui para somar, fazer crescer e dar continuidade ao trabalho muito bonito que já foi começado. Temos que dizer ao mundo que nós, mulheres, temos valores e esse valor não é para ficar escondido”, ressaltou a nova secretária que começou a responder pelo cargo, quinta-feira, 19.

POBRE RICO: Minérios de Parauapebas vendidos até hoje comprariam um Pará e meio

De acordo com o engenheiro de minas André Santos, a história foi bastante generosa com Parauapebas, que chega a 27 anos com muitos episódios de pompa e circunstância. “A mineração fez a fama do PIB grandioso do município de Parauapebas, ao passo que, numa escala geográfica menor, os royalties botaram no mapa de respeito do Brasil a cidade e, principalmente, a prefeitura”, destaca Santos, fazendo ilações. “Em termos de população, se fizéssemos uma fila de todos os municípios brasileiros, teríamos 5.570. Parauapebas seria o de número 157 nessa fila. Mas quando vamos enfileirar os municípios por produção econômica e por receitas das prefeituras, a coisa muda de lugar”.

Ele revela que, em se tratando de produção econômica, pelo último dado que há disponível, referente a 2012, Parauapebas está na ordem 34; já em se tratando de receitas, o dado mais recente, de 2013, mostra que a prefeitura local é a de número 40 na fila e desbanca até a prefeitura de capitais poderosas, como Florianópolis, em Santa Catarina.
“O crescimento da receita da prefeitura vem, por décadas a fio, sustentando-se pelo progresso da indústria mineral, notadamente pelos repasses de royalties e da cota-parte do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços, o ICMS. Com a queda do setor e o arrocho do governo, tudo muda. E para pior.”

O engenheiro de minas, que tem publicados uma dezena de estudos na área de economia mineral, socioeconomia e migração em Parauapebas, revela que a “Capital do Minério” já recolheu, ao longo de sua existência, quase R$ 2 bilhões apenas em cota-parte da Cfem. “Estamos falando de uma cifra de R$ 1,93 bilhão, montante a que pouquíssimas prefeituras deste país tiveram acesso em apenas 26 anos”, informa, alegando ter tido dificuldade para elaborar o levantamento desses valores porque são números complexos e muitos dos quais não estão disponíveis na base virtual do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), já que o órgão não disponibiliza informação virtual sobre royalties de 2004 para trás.
“Temos o seguinte: de Parauapebas já foram retirados ao longo da história R$ 148,65 bilhões em minérios de ferro e manganês. Grosso modo, com esse dinheiro, seria possível ‘comprar’ quase dois Parás, já que o PIB do Estado é estimado em R$ 91 bilhões. Dessa produção monetária de minérios, um total de R$ 2,97 bilhões foram retornados como compensação financeira. E destes quase três bilhões, R$ 1,93 bilhão foram parar na conta-corrente da prefeitura ao longo de mais de duas décadas”, contabiliza.

SAÍDAS À CRISE
Parauapebas tem ingredientes; falta liga entre poderes principais

A atual administração tem boas ideias que, se colocadas em prática, podem amenizar os efeitos nefastos da queda do preço do minério, observa Santos. Mas é preciso, segundo ele, que os poderes Executivo e Legislativo do município afinem a sintonia, aparem as arestas e deixem de lado as indiferenças para que todos – especialmente a população – ganhem.
“Além de uma crise econômica, Parauapebas passa por uma turbulência política. O momento é delicado. Quando os poderes estão unidos, enfrentar uma crise econômica é mais fácil; caso contrário, é mais fácil o município continuar afundando e sem perspectiva de melhoria”, pontua.

De acordo com ele, os vereadores precisam dar as mãos ao prefeito num primeiro passo que é fundamental: construir a Universidade Municipal de Parauapebas e o Centro Tecnológico, com cursos voltados ao aproveitamento da vocação econômica local e que produzam conhecimento para detecção de novas matrizes. “É preciso trazer a Parauapebas o modelo de desenvolvimento da Coreia do Sul com foco simples e objetivo: educação. Veja bem, a Coreia do Sul é 85 vezes menor que o Brasil, mas tem uma produção de riquezas praticamente do mesmo porte e um nível de desenvolvimento social superior em tudo. E o segredo de ser um pequeno notável está na prioridade que seu governo dá à educação superior e à pesquisa científica para o desenvolvimento de produtos e transformação das riquezas internas”, esclarece.

EXEMPLO SUL-COREANO
De acordo com Santos, a produção da Coreia do Sul é focada na exportação, assim como o destino dos minérios que saem de Parauapebas. Acontece, porém, que lá o governo fiscaliza todo o fluxo comercial, enquanto o município de Parauapebas não tem controle sobre sua atividade extrativa porque apenas uma empresa é quem dá as cartas e toma decisões produtivas alheias – embora legais e legístimas – à sociedade local. “Mas isso não pode ser encarado como obstante, e sim como incentivo à qualificação da cadeia produtiva. A sociedade precisa estar preparada para as crises sem que estas causem tantos estragos econômicos e sociais. Em primeiro lugar, município precisa deixar de ser exclusivamente monoexportador. Para isso, é fundamental se preparar educacional e cientificamente para ter ideias alternativas capazes de reverter o jogo.”

Na esteira do exemplo sul-coreano, Parauapebas pode criar seu parque industrial e, conforme outros pesquisadores propuseram, implementar um observatório próprio das dinâmicas de emprego, desenvolvimento sustentável e ecológio porque tem os ingredientes necessários, que são sua gente, seus minérios e suas fauna e flora exuberantemente cobiçadas. “A Coreia do Sul é uma ilha apenas 14 vezes maior que a área municipal de Parauapebas. Não tem nem a terça metade de nossas riquezas naturais”, discute Santos. “Mas é um território densamente povoado que descobriu o caminho das pedras entre as décadas de 1960 e 1980. Foi crescendo caladinho, estudando e pesquisando muito, longe do alarde de pompa e circunstância de Europa, Estados Unidos e Japão e longe da vaidade de ser ‘Tigre Asiático’”, narra.

Segundo Santos, quando as principais economias do mundo começaram a dar sinais de cansaço, durante a década de 1990, eis que a Coreia se mostrou uma nação socialmente rica e economicamente equilibrada. E daí por diante, nunca mais saiu de cena nos primeiros lugares das estatísticas que medem qualidade de vida no mundo. “Aplicando isso a nossa realidade, de Amazônia; de esquecimento em relação aos centros de decisões do Estado e do Brasil; de exploração de recursos naturais; de fosso social gritante; precisamos, todos, ter entusiasmo. O processo de desenvolvimento da Coreia não foi fácil, além de ser marcado por invasões e exploração de recursos”, contextualiza André Santos.
“No nosso caso, aliando os recursos naturais à vontade política de fazer de Parauapebas um centro acadêmico e de pesquisa forte, chegaremos a um conceito sul-coreano, com uma educação de ponta, os melhores técnicos no campo produtivo e um Índice de Desenvolvimento Humano que é um dos mais altos em seu continente. Ainda está em tempo de Parauapebas mostrar ao Brasil como se enfrenta crise e que seu valor está para além dos minérios. É utopia? É. Mas sonhar não pesa na balança da crise.”

Reportagem especial: Bariloche Silva – Da Redação do Portal Pebinha de Açúcar
Foto: Arquivo

DRAMA: Com menos royalties e mais desemprego, Parauapebas empobrece

Com uma das populações mais ricas em diversidade, já que ao longo de praticamente três décadas recebeu pessoas de todas as partes do mundo, Parauapebas enfrenta o drama do desemprego e o fantasma do empobrecimento de seus habitantes. Empobrecimento também quando o assunto é royalty de mineração, aquele com nome sofisticado de Compensação Financeira pela Exploração Mineral (Cfem).

A cota-parte da Cfem que Parauapebas recebeu nos primeiros 75 dias deste ano é a mais “fraquinha” desde 2010 e é 40% menor que o valor recebido no mesmo período do ano passado. Se em 2014 a prefeitura local recebeu R$ 83,34 milhões em cota-parte de Cfem, configurando o melhor primeiro trimestre da história (desconsiderando-se outros trimestres nos quais foi verificado o recebimento de dívidas de compensações atrasadas), este ano se vive um período de vacas magérrimas: R$ 49,29 milhões em caixa. É muito dinheiro para um município de 190 mil habitantes; mas é muito pouco para um lugar que nem em seus piores pesadelos imaginou que tivesse de aprender a viver justamente com pouco.

Conforme relatou à equipe de reportagem do Portal Pebinha de Açúcar, o engenheiro de minas André Santos disse que para chegar ao valor da cota-parte que cai na conta das prefeituras, a matemática financeira é “cabeluda”. Primeiro, a mineradora extrai e sobre o que vende no mês incide a taxação do royalty. No caso do minério de ferro, são pagos 2% de compensação pela exploração. Esses 2% que sobram são retalhados: 65% ficam com o município onde se localiza o minério explorado e, por isso, cai na conta-corrente da respectiva prefeitura; 23% vão para a conta do Estado onde está o município detentor da jazida; e o restante vai para a conta do governo federal.

Ainda conforme Santos, com o dólar a cada dia mais “caro”, tudo o que for convertido em real – como os royalties de mineração – tende a apresentar depreciação. “A arrecadação de royalty é a primeira a cair. O minério é vendido em dólar, mas a Cfem é recebida em real. Como efeito prático à vida do município, a gestão pública deixa de investir em saneamento básico, infraestrutura, educação e saúde porque terá menos recursos para fazê-lo”, alerta, afirmando que, nem por isso, a extração de minério vai parar. Pelo contrário. “É agora que mineradoras de grande porte precisam extrair para se manterem de pé e razoáveis. Se, por exemplo, uma Vale da vida quisesse fazer caixa em dólar, em janeiro e fevereiro deste ano, do mesmo valor que ela fez no mesmo período do ano passado, teria que retirar o dobro de minérios da Serra Norte, em Parauapebas. E fazendo isso, você traz ao município outro dilema que é fatal: acelera o processo de exaustão das minas. Então, o que se tem para ser explorado por 20 ou 30 anos, cai pela metade”, reflete.

‘NÃO CONTRATAMOS’
Os dilemas não estacionam apenas na redução do royalty. Na última quarta-feira (18), o Ministério do Trabalho e Emprego divulgou as estatísticas de contratações no Brasil nos meses de janeiro e fevereiro. De acordo com o engenheiro de minas, “o bicho tá pegando” em Parauapebas porque, desde o final de 2012, a “Capital do Minério” vem ostentando sucessivos recordes de desemprego.

Nos dois primeiros meses deste ano, Parauapebas mais demitiu que empregou, e o saldo já está negativo em 479 postos. “Os setores de construção civil e serviços são os que mais estão demitindo em Parauapebas, atacados pela crise que surra a mineração e, por conseguinte, não faz o capital financeiro circular localmente para que os habitantes possam construir e comprar”, observa.

Santos diz que o panorama das profissões que mais empregam e demitem em Parauapebas é controverso. Isso porque, enquanto o comércio enfrenta baixas, algumas ocupações de cunho comercial resistem bravamente ancoradas por empreendimentos de grande porte novos. Mesmo assim, o surgimento de grandes empreendimentos em Parauapebas caiu 90% nos últimos dois anos.

Uma das funções em que se pode encontrar emprego é a de operador de caixa. “Uma grande rede maranhense de supermercados se instalou no município e começou a empregar dezenas de pessoas. Veio do Maranhão a salvação da pátria de Parauapebas, no quesito emprego, em janeiro e fevereiro. O cargo de operador de caixa sozinho abriu 134 novas vagas; seguido de repositor de mercadorias, com 82 novos postos; e embalador, com 25. A maioria dos empregos foi para o supermercado”, destaca.

Essas ocupações, apesar da quantidade, pagam remunerações médias entre R$ 800 e 900 por mês e, por incrível que pareça, não impactam tanto no mercado local quanto a demissão da ocupação de técnico em segurança do trabalho, que teve 121 demitidos nos dois primeiros meses deste ano. Isso porque a remuneração média de quem perdeu emprego de técnico de segurança estava em R$ 2.356.
“Em 2011, Parauapebas chegou a ser o paraíso dos técnicos de segurança do trabalho e de mineração no Brasil; era emprego para todo lado e a maior proporção de técnicos por mil habitantes. Hoje, é o município brasileiro que mais demite profissionais desses segmentos. Se isso não for crise, o que será? Podem até florear com expressões do tipo ‘transformação normal do mercado’, mas é para pior”, ironiza, completando que as ocupações de servente de pedreiro, motorista e vendedor de comércio varejista também estão em baixa dada a alta rotatividade de seus segmentos, a exemplo da construção civil, que atingiu seu ápice em 2010, mas, em se tratando de saldo de empregos, parou no tempo.

MÉDIA SALARIAL CAI
Crise devasta massa salarial e arrasta para baixo remuneração média

O engenheiro de minas lembra que a própria mineração já pagou os mais altos salários do município. Quatro anos atrás, no auge do preço do minério de ferro, um técnico que trabalhava nas minas de Serra Norte ganhava mais que um professor de ensino fundamental, que precisa ter ensino superior completo. A situação mudou. “A média de remuneração dos trabalhadores da Serra Norte de Carajás chegou a ser de R$ 4.727 porque havia uma massa considerável de engenheiros e geólogos e tinha técnico que já entrava com remuneração quase de engenheiro. Hoje, está em R$ 1.834 para um recém-contratado, conforme o levantamento mensal das contratações do Ministério do Trabalho e Emprego”, nota.

Além disso, segundo Santos, é possível ser vista, de 2013 para cá, a fuga de mão de obra especializada de Parauapebas para os municípios de Canaã dos Carajás, por causa do projeto S11D; Altamira, devido à Hidrelétrica de Belo Monte; e Rondon do Pará, em razão do projeto Alumina Rondon. “O trabalhador parauapebense que perde seu posto está caçando meios de vida noutros lugares que tenham afinidade com a indústria extrativa mineral.”

Reportagem especial: Bariloche Silva – Da Redação do Portal Pebinha de Açúcar
Foto: Arquivo

FIM DO TÚNEL: Exportações despencam e economia de Parauapebas encolhe

Se o ano de 2014 não foi muito bom para a economia do município de Parauapebas, a “Capital do Minério”, aperte os cintos porque, a julgar pelos dois primeiros meses de 2015, a situação será ainda mais crítica. Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior divulgados na última terça-feira (17) revelam que as exportações originárias do município de Parauapebas caíram pela metade, em cotação de dólar (US$), na comparação com os dois primeiros meses do ano passado.

Além disso, com a crise que se abate sobre a indústria extrativa de minério de ferro, cujo preço da tonelada chegou a preocupantes 57,60 dólares esta semana (na China, maior compradora do mundo, foi ainda pior: 54,50 dólares, o preço mais baixo da história), Parauapebas perdeu o posto de maior exportador do Brasil e, agora, ocupa o quarto lugar, com a iminente possibilidade de cair mais ao longo do ano, caso a situação do preço do minério não melhore.

Nos dois primeiros meses deste ano, a “Capital do Minério” vendeu lá fora 731,95 milhões de dólares em minérios de ferro (US$ 720 milhões pela produção de 16,88 milhões de toneladas) e manganês (US$ 12 milhões por 111,6 mil toneladas). É uma transação financeira preocupante porque, nos dois primeiros meses do ano passado, Parauapebas exportou 1,56 bilhão de dólares – portanto, mais que o dobro de 2015 – por praticamente as mesmas tonelagens de minérios de ferro (US$ 1,54 bilhão por 16,72 milhões de toneladas vendidas) e manganês (US$ 26,9 milhões por 206,4 mil toneladas).

Na comparação entre os períodos de 2014 e 2015, o município viu suas exportações despencarem Serra dos Carajás abaixo 53% em apenas um ano. E, para piorar, não foi em volume físico, mas em valor monetário – o que, na prática, mostra que o caixa do quarto mais rico município da Amazônia Legal está esvaziando numa velocidade tão rápida quanto assustadora.

Para falar sobre essa questão, a Reportagem do Pebinha de Açúcar procurou o engenheiro de minas André Santos, que fez dissertação de mestrado sobre a socioeconomia de Parauapebas pela Universidade Federal do Pará (UFPA). Na pesquisa, defendida em 2014, ele já antecipava o momento de crise atual, em decorrência do preço do minério, e crises futuras, por conta da exaustão de jazidas.

Santos faz estudos nas áreas de meio ambiente, economia mineral e desenvolvimento socioeconômico e tem duas dezenas de trabalhos publicados em anais de congresso e revistas científicas. Ele chegou a ser premiado em 2014 durante congresso nacional de meio ambiente por trabalhos desenvolvidos nas áreas de levantamento de fauna urbana em Parauapebas e Marabá e ecologia de estradas nas rodovias BR-155 e PA-275.

Na última segunda-feira (16), um dos artigos na área de socioeconomia produzidos pelo engenheiro de minas durante o mestrado e publicados na ocasião do 4º Seminário Internacional do Programa de Pós-Graduação em Sociologia, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), em 2013, foi selecionado por uma renomada revista norte-americana para divulgação científica por lá. O artigo que traz Parauapebas no nome (Royalties de Mineração e o Financiamento de Problemas Sociais no Município de Parauapebas, PA) vai ser traduzido para o inglês e deve ser publicado na “Sociology Study”. O autor foi convidado para participar, inclusive, do 4º Simpósio Internacional de Administração e Ciências Sociais, que será realizada em Hokkaido, no Japão, no mês de julho.

MAIOR E PIOR CRISE
Essa é a pior crise da história de Parauapebas e que tem levado a uma redução tanto de exportações quanto de seu Produto Interno Bruto (PIB) como nunca antes. De acordo com Santos, os dados de PIB relativos aos anos de 2014 e 2015 serão divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2016 e 2017, respectivamente. Mas assim como ocorreu em 2012, quando o PIB do município encolheu, as estatísticas referentes a 2014 e 2015 vão apresentar números consolidados ainda piores.
“Sem medo de errar, a produção de riquezas de Parauapebas, que, em seu auge, chegou a ser a 25ª maior do país, superando até a de Belém, vai cair para a quase centésima colocação nacional. Não é uma posição ruim, já que o Brasil tem 5.570 municípios, e Parauapebas tem população relativamente pequena. Ruim e arrasador vai ser perder muitos bilhões de reais no fechamento do PIB e passar a ter o desenvolvimento econômico engessado”, analisa.

Santos explica que a base econômica de Parauapebas é a indústria extrativa mineral e em cujo setor o minério de ferro sozinho representa 98,36% das exportações. “O preço spot do minério cravou esta semana míseros 54,50 dólares, o mais baixo da história. No ano em que o PIB de Parauapebas ultrapassou o de Belém, a tonelada havia chegado a seu preço recorde: 191,90 dólares em fevereiro de 2011”, informa.

Nos cálculos do engenheiro de minas, o PIB de Parauapebas – que encolheu de R$ 19,89 bilhões em 2011 para R$ 16,73 bilhões em 2012, a maior perda nacional de um município – tende a apresentar queda livre. “Ora, se temos um panorama de produção física atual de 115 milhões de toneladas de minério, como foi em 2014 na Serra Norte, muito pouco superior às cerca de 110 milhões de toneladas produzidas em 2011, e, por outro lado, temos um contexto de preço por tonelada quase quatro vezes menor que há quatro anos, é óbvio que veremos o PIB de Parauapebas encolher na mesma proporção”.

DE PIBÃO A PIBINHO
Parauapebas deve ficar até R$ 10 bilhões mais pobre em 2017

O engenheiro André Santos prevê que, matematicamente, aquele “pibão” de 2011 reduza-se a algo em torno de R$ 7 bilhões em 2015. Mas o dado só será revelado em 2017, já que a pesquisa de PIB do IBGE tem carência de dois anos. “E aí, Parauapebas pode cair do atual 34º lugar para o 87º, coincidentemente ocupado hoje pelo município mineiro – e minerador – de Ipatinga. Está tudo caminhando para ser a maior queda econômica da história dos municípios brasileiros, a menos que o preço do minério dispare para mais de 100 dólares a tonelada, o que não se visualiza para antes de 2017”, alerta.

Para ele, o efeito mais arrasador disso tudo deve ser sentido nos setores que mais empregam no município, como a própria mineração; a construção civil e o comércio, que faturam com o poder de compra da mão de obra empregada; e a administração pública municipal, que sobrevive majoritariamente à custa da movimentação da indústria extrativa.
Essa questão vem sendo discutida por André Santos desde 2012, quando ele iniciou o mestrado.

O Portal Pebinha de Açúcar já havia divulgado muitos estudos dele, inclusive sobre a exaustão das minas de Serra Norte, e muitos não acreditaram e até disseram que seria especulação uma possível crise. Sobre isso, ele diz que “o assunto não é para brincadeira; a situação econômica de Parauapebas é crítica, já que o preço de sua principal fonte econômica é regulado pelo mercado internacional, e o município, até o momento, não tem outra porta de escape de igual equivalência”.

Reportagem especial: Bariloche Silva – Da Redação do Portal Pebinha de Açúcar
Foto: Arquivo

Deixe seu comentário